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Número de chacinas no Grande Rio aumenta 83% em outubro, diz Fogo Cruzado

No mês passado, de acordo com levantamento, casos com três ou mais mortos civis tiveram forte alta na Região Metropolitana. Tijuca é o bairro com mais tiroteio

Rio de Janeiro - RJ  - 19/10/2020 - Policia -  Operaçao no Jacarezinho tem tiroteio e vias interditadas. Policiais militares do Batalhao de Açoes com Caes (BAC), do Batalhao de Policia de Choque (BPChq) e do Bope atuam nas comunidades do Jacarezinho, Manguinhos e Mandela - na foto, policiais no interior da favela do Jacarezinho - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 19/10/2020 - Policia - Operaçao no Jacarezinho tem tiroteio e vias interditadas. Policiais militares do Batalhao de Açoes com Caes (BAC), do Batalhao de Policia de Choque (BPChq) e do Bope atuam nas comunidades do Jacarezinho, Manguinhos e Mandela - na foto, policiais no interior da favela do Jacarezinho - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia -
Um levantamento da plataforma Fogo Cruzado mostra que, em outubro, os casos com três ou mais civis mortos aumentaram 83% no Grande Rio, em comparação com o mesmo período no ano passado. Só para se ter uma ideia, foram 11 casos no mês passado contra seis do mesmo período em 2019. Em 10 deles houve a presença de agentes de segurança. As mortes nestas circunstâncias (com presença de agentes de segurança) também aumentaram: foram 49 mortes outubro deste ano, sendo 18 no mesmo período do ano anterior.
“A gente tem um aumento de 83% no número de casos e um aumento de 172% no número de mortos. Cresceu muito o número de chacinas esse mês comparado com o mesmo período do ano passado. Isso é algo que precisa ser investigado, ainda mais quando a gente observa que, das 11 chacinas levantadas esse mês, 10 tiveram a presença de agentes de segurança”, afirma Maria Isabel Couto, porta-voz do Fogo Cruzado.
Segundo Maria Isabel, tal cenário lança luz para a decisão do STF de restringir operações. “Nesse momento, talvez (a decisão) esteja sendo desafiada, ou o planejamento das operações não está sendo feito de forma correta. O que acontece é que a gente tem um número muito grande de casos envolvendo agentes de segurança que terminaram em chacinas. Isso precisa ser investigado porque é óbvio que a Polícia Civil e a Policia Militar têm a responsabilidade de garantir a segurança da população, mas nesse processo ela não pode colocar a população também na linha de tiro”, pontua ela.
A plataforma Fogo Cruzado constatou que, em outubro, foram registrados 421 disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo eles, o número é 11% menor que o registrado em outubro de 2019, quando houve 475 tiros.
“Isso é uma tendência de todo ano, embora a redução desse mês seja menor do que a gente vinha acompanhando nos últimos meses desde que começou a pandemia”, explica a porta-voz. “Mas, mesmo havendo uma redução dos tiroteios, a gente teve, quando compara outubro desse ano com outubro do ano passado, um aumento de 6% no numero de pessoas baleadas. Um aumento ainda maior de 32% no numero de mortos. Ou seja, a gente teve uma redução de tiroteios, mas eles acabam fazendo mais vítimas”, completa ela.
Segundo o Fogo Cruzado, ao todo, 212 pessoas foram baleadas no Grande Rio em outubro, sendo 124 mortas e 88 feridas. O número corresponde a 6% a mais que no mesmo período de 2019, quando houve 200 vítimas, com 94 mortas e 106 feridas. Portanto, houve aumento de 32% no número de mortos e queda de 17% na quantidade de feridos.

Tijuca é o bairro com mais tiroteio em outubro

O bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio, foi o bairro da Região Metropolitana com mais tiroteios. Foram 18, segundo o estudo. Em seguida, Vila Kennedy (17), na Zona Oeste; Santa Teresa (14), na Zona Central; Jardim Olavo Bilac, em Duque de Caxias (14) e Penha (11), na Zona Norte.
A região do Grande Rio com maior incidência de confronto no mês passado foi a Zona Norte, com 145 registros. Sozinha, segundo o levantamento, ela concentrou 34% do total acumulado na região metropolitana em outubro (421). Logo em seguida vieram a Baixada Fluminense (104), Leste Metropolitano - região que concentra os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá - (84), Zona Oeste (57), Centro (27) e Zona Sul (quatro). Apesar de estar em segundo lugar entre as regiões com mais tiroteios, a Baixada teve o maior número de baleados. Foram 71, sendo 45 mortos e 26 feridos.
O estudo diz ainda que, o dia 20 de outubro, foi o que registrou maior número de disparos de arma de fogo no Grande Rio, foram 22. Já cinco dias antes, no dia 15, teve o maior número de mortos (22), e um dia depois, no dia 16, teve o maior número de feridos (oito).
Outro ponto levantado pela plataforma é de que, em outubro, casos com três ou mais mortos aumentaram 83% no Grande Rio. Segundo o portal, foram 11 casos em outubro deste ano contra seis no mesmo período de 2019. Em 10 casos houve presença de agentes de segurança. De acordo com a pesquisa, as mortes nestas circunstâncias (presença de agentes de segurança) aumentaram. Foram 49 mortes no mês passado e 18 no mesmo mês de 2019.
No acumulado do ano, levando em conta de janeiro até outubro, houve 3.982 tiroteios no Grande Rio. Ao todo, 1.563 pessoas foram baleadas (789 mortas e 774 feridas). No mesmo período do ano passado, houve 6.539 disparos, com 2.526 baleados no total, sendo 1.325 mortos e 1.201feridos. Segundo o levantamento, houve uma queda de 39% nos tiroteios, de 40% no número de mortos e 36% na quantidade de feridos.