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Pesquisa revela que 78% das candidatas negras sofreram violência política nas Eleições 2020

Dados do Instituto Marielle Franco revelam que as vítimas sofreram mais de uma violência e não tiveram apoio ou proteção ao pedir ajuda

A pesquisa Violência Política Contra Mulheres Negras feita pelo Instituto Marielle Franco revelou que 78% das candidatas negras sofreu algum tipo de violência virtual nas eleições de 2020. Segundo os relatos, as ofensas vão desde xingamentos racistas em suas páginas, até ataques sincronizados em transmissões ao vivo.

O relatório também apontou que 91% das candidaturas negras são de partidos progressistas; no total, são candidaturas de 16 partidos. Os principais agentes desses tipos de ações são grupos não identificados (45%), candidatos ou grupos militantes de partidos políticos adversários (30%) e grupos grupos anti-feministas, racistas e neonazistas (15%)

“A pesquisa tenta retratar o impacto que a violência política tem sob os corpos de mulheres negras candidatas nas eleições de 2020. Em nosso estudo, identificamos que quase 8 a cada 10 mulheres candidatas comprometidas com a Agenda Marielle Franco, que responderam essa pesquisa, apontaram que já sofreram algum tipo de violência virtual. Por outro lado, do total de mulheres que sofreram violência política nestas eleições, apenas 32% efetuou denúncia”, declara Anielle Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco.

Apenas 32,6% das entrevistadas relataram terem denunciado os ataques, enquanto 29% das candidatas que sofreram algum tipo de violência relatou não querer denunciar e 17% das candidatas afirmaram ter medo ou não se sentir segura em denunciar a violência que sofreu. Os outros 8%, apesar da pesquisa ser anônima, relataram não se sentir à vontade em responder as questões que tratam sobre denúncia.

Entre as que denunciaram, 31% das candidatas afirmou ter denunciado em plataformas digitais e suas próprias redes sociais. Enquanto que 29% afirmou ter denunciado ao próprio partido político e 29% afirma ter registrado Boletim de Ocorrência em delegacia comum ou delegacia de crimes de informática, respectivamente.

Ainda assim, a pesquisa mostra que a denúncia não lhes garantiu mais segurança, uma vez que 70% das candidatas que denunciaram afirmaram que o encaminhamento do caso às autoridades não lhe trouxe mais segurança para o exercício da sua atividade político-partidária. Além disso, 71% delas, relatou não ter contado com nenhuma formação ou mesmo apoio para entender que medidas de proteção poderiam ajudar a enfrentar ou superar as situações de violência pelas quais passaram.

Ainda de acordo com o relatório, os dados apontam que 39% dos órgãos, coletivos ou instituições que ajudaram essas candidatas foram movimentos sociais, especialmente movimentos negros e organizações que atuam na defesa de direitos humanos.