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Presídios do Rio com problema na entrega de comida

Agentes e presos sofrem com atrasos na última semana, além de má qualidade

Um preso morreu no último dia 10 na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo
Um preso morreu no último dia 10 na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo -
Se não bastasse a péssima qualidade da comida, alguns presídios do sistema carcerário do Rio apresentaram problemas com o fornecimento das quentinhas durante a semana. Além de presos, os agentes penitenciários também foram prejudicados.
Em um áudio obtido pela reportagem, um agente penal fala para um grupo de profissionais que acabou de sair do presídio onde trabalha e o almoço chegou apenas às 18h. Ele, inclusive, sugere para os funcionários levarem marmita de casa. No dia seguinte, ele lamenta que algumas pessoas não viram a mensagem e tiveram que ir à rua almoçar.
"Mais uma vez problema na alimentação. Almoço chegou quase 18h. A janta só Deus sabe. Não deixem de levar almoçou ou janta", avisa o agente no áudio.
Os problemas foram relatados por agentes em vários locais, como Bangu 3, Tiago Teles e Patrícia Acioli, ambos em São Gonçalo. A empresa Guelli, que fornece a vários presídios, não entrega a comida desde o início da semana, informação confirmada também pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do RJ (Sindsistema).
Outros fornecedores estão fazendo a entrega nos presídios atendidos pela Guelli, mas não estariam dando conta da demanda, por isso a demora. Procurados, a empresa e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) não responderam até o fechamento da reportagem.
Além do problema na distribuição - houve outro relato de que a janta só chegou por volta das 21h - também reclamam da qualidade da comida. No mesmo áudio obtido, o agente diz que relataram haver mosca dentro da embalagem.
Como muitos não têm aproveitado a comida oferecida, o Sindsistema tenta junto à Seap desvincular a receita destinada à alimentação, para que os agentes recebam em suas contas um auxílio-alimentação em vez da quentinha.
"Os policiais penais são diversas vezes prejudicados numa lógica perversa. Recebem comida de péssima qualidade, sendo que 80% não consomem, o que gera desperdício de dinheiro público. Nós pleiteamos a desvinculação da alimentação no contracheque", afirmou o presidente do Sindsistema, Gutembergue de Oliveira.