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Bolsonaro dialoga com presidente da Argentina pela primeira vez

A relação entre os dois chefes de Estado começou mal antes de Fernández assumir o cargo, em dezembro de 2019. Na reunião de hoje, o argentino pediu para deixar 'as diferenças no passado'

Bolsonaro e Fernández realizaram, nesta segunda-feira, a primeira reunião bilateral
Bolsonaro e Fernández realizaram, nesta segunda-feira, a primeira reunião bilateral -
Buenos Aires, Argentina - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, contrários politicamente, dialogaram por videochamada nesta segunda-feira (30), na primeira reunião privada de ambos desde a posse do líder argentino, informou o governo em Buenos Aires.

O conteúdo da conversa entre os dirigentes não foi informado, mas a Presidência disse que se realizou a cerimônia do Dia da Amizade entre ambos os países, que evoca o embrião do Mercosul, com o encontro dos ex-presidentes Raúl Alfonsín e José Sarney em Foz de Iguaçu há 35 anos. Sarney participou do evento por teleconferência.

"É um dia muito importante para a Argentina e o Brasil e para todo o continente, porque pela primeira vez as pessoas começaram a pensar na integração do continente", anunciou Fernández, lembrando a data.

Bolsonaro, segundo o comunicado, destacou que "o Mercosul é o nosso principal pilar de integração" e pediu a geração de "mecanismos mais ágeis e menos burocráticos". Ele também pediu o aprofundamento do turismo entre as duas nações.

Fernández lidera uma aliança de peronistas de esquerda e direita, com enormes diferenças nas políticas econômicas, de saúde e sociais em comparação com as do governo brasileiro.

O chefe de Estado argentino acrescentou: "Estou realizando esta reunião para dar ao Mercosul o impulso de que precisa e é imperativo que Brasil e Argentina o façam juntos".

Fernández pediu para deixar "as diferenças no passado e enfrentar o futuro com as ferramentas que funcionam bem entre nós".

"Continuamos avançando nas questões de segurança e das Forças Armadas e temos que trabalhar juntos na questão ambiental, que é um assunto que nos preocupa muito. Temos que fazer um acordo de preservação. Temos oportunidades em desenvolvimento para fornecer gás para a Argentina e o Brasil", ressaltou.

Bolsonaro destacou: "Nossas Forças Armadas têm uma excelente integração. Vamos fortalecer nossa integração nas indústrias de defesa e avançaremos no combate ao narcotráfico e ao crime transnacional".

Relação ruim
A relação entre os dois presidentes começou mal antes de Fernández assumir o cargo, em dezembro de 2019. O brasileiro o insultou em suas redes sociais e disse que o "canhoto" (esquerda) estava chegando na Argentina.

Em entrevista à televisão, Fernández respondeu: "Ele é um racista, misógino e violento".

O momento mais tenso foi quando Fernández, ainda candidato, visitou seu amigo, o ex-presidente Lula da Silva, em uma prisão de Curitiba.

"O Brasil não merece ter uma mancha como a prisão de Lula. O povo brasileiro não merece", disse o argentino.

Bolsonaro interpretou isso como uma intromissão na vida interna brasileira.

"A Argentina está caminhando rapidamente para um regime semelhante ao da Venezuela", disse o brasileiro após assumir o cargo.

Houve cruzamentos de notas diplomáticas, mas as agressões diminuíram quando a pandemia do novo coronavírus foi declarada.