Mais Lidas

Desembargadora que vai julgar Flávio Bolsonaro no esquema das ‘rachadinhas’ já ofendeu Marielle

A magistrada Marília Castro Neves ficou mais conhecida em2018, após publicar notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada naquele ano

Desembargadora espalhou notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco
Desembargadora espalhou notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco -
Rio - A desembargadora Marilia Castro Neves, eleita nesta segunda-feira, para o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), será uma das responsáveis por julgar o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no suposto esquema das "rachadinhas" - em que o parlamentar fica com parte dos salários dos funcionários - da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Entre 2003 e 2018, ele cumpriu quatro mandatos parlamentares consecutivos. A defesa do senador nega as acusações.
O Órgão Especial é um colegiado é formado por 25 desembargadores e é responsável por julgar, entre outros casos, a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra Flávio Bolsonaro. Segundo o MPRJ, o senador liderou uma organização criminosa que recolhia parte do salário dos funcionários para benefício próprio.
A denúncia do MPRJ foi ajuizada no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do RJ no dia 19 de outubro e encaminhada no dia 4 de novembro. O MP requer ainda a indenização em favor do Rio de Janeiro no valor mínimo de R$ 6.100.091,95 para reparação dos cofres públicos pelos danos causados por crimes de peculato imputados, de forma solidária, entre Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e Miguel Ângelo Braga Grillo, chefe de gabinete do senador.
Os promotores querem ainda que Flavio Bolsonaro perca cargo no Senado se condenado por 'rachadinhas' e perca apartamento comprado por ele na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
O Ministério Público diz que “as provas permitem vislumbrar que existiu uma organização criminosa com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”.
DESEMBARGADORA COM HISTÓRICO DE POLÊMICAS
Em 2018, durante as eleições, a desembargadora Marília Castro Neves já havia manifestado apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Em agosto do mesmo ano, após o então candidato participar do programa 'Roda Viva', da TV Cultura, a magistrada escreveu: "Go Bolsonaro Go!!! Let's make Brazil great again!!! [em tradução livre do inglês: Vai, Bolsonaro, vai! Vamos fazer o Brasil grande de novo]", escreveu, parafraseando o slogan de campanha do presidente americano Donaldo Trump.
A desembargadora, também em 2018, chegou a ficar conhecida por por publicar notícias falsas sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada naquele ano. Nas redes sociais da magistrada, ela chegou defender a criação de um "paredão profilático" contra o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL) e a tecer comentários ofensivos contra uma professora que tem síndrome de Down.
Em um grupo fechado no Facebook, Marília questionou "o que essa professora ensina a quem?" e completou: "Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?".