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Perigos da internet para crianças e adolescentes

Psicóloga fala sobre o assunto

Através da ficção, a TV voltou a alertar para os perigos da internet para crianças e adolescentes, na reprise da novela A Força do Querer, da Globo, onde o personagem Yuri (Drico Alves) se envolve no desafio da Baleia Azul. Em entrevista à coluna, a psicóloga Kelly Zangrando, do Hospital Norte D'Or, explica quais são os sinais de que os filhos podem estar participando de jogos perigosos na web e como lidar com o problema. 

O desafio da Baleia Azul voltou a ser abordado na TV, em "A Força do Querer". Esse é um dos muitos perigos da internet, onde há jogos, desafios e perfis que tentam induzir crianças e adolescentes à autoagressão e ao suicídio. Quais são os sinais de que os filhos podem estar envolvidos em jogos perigosos na internet?

Além dos perigos de induzir crianças e adolescentes à autoagressão e ao suicídio, a internet é um ambiente onde os mesmos, que fazem o uso sem supervisão, tornam-se vulneráveis. Os principais sinais de que algo está acontecendo com nossos filhos são as alterações de comportamento, que podem ser mais perceptíveis, como o isolamento social, onde a criança ou adolescente começa a desejar ficar sozinha, evitando sair para brincar e se divertir com os amigos. Assim como verbalizações de que quer morrer, de que preferia sumir ou frases semelhantes. E alterações de aspecto subjetivo, em que a criança fica mais irritada, agressiva, sem paciência, chorosa. Entretanto, nem sempre essas alterações indicam que algo está acontecendo de errado em decorrência do uso da internet, mas servem de alerta de que a criança ou adolescente está precisando de ajuda.

No caso dos pais que descobrem que seus filhos estão participando de jogos perigosos na internet, como lidar com o problema? 

A melhor forma de lidar com a questão é o diálogo, sem julgamentos, procurando acolher e compreender o porquê de a criança ou adolescente estar participando desses jogos e desafios. Assim, os pais podem compreender se a participação é por algum fator social, de se sentir inserido em um grupo de amigos, ou se é um recurso para regulação emocional. Na primeira hipótese, é importante orientar a criança de que ela não precisa fazer tudo o que seus amigos fazem para se sentir inserida. Já na segunda, além de auxiliar a criança a reconhecer e regular suas emoções, os pais podem demonstrar ou relatar como fazem para se regular quando estão tristes, por exemplo. O acompanhamento psicológico pode ser uma importante ferramenta quando os pais estiverem se sentindo inseguros no manejo do comportamento dos filhos. E caso seja identificado algum aliciador em contato com as crianças e adolescentes, é importante acionar as autoridades para que possa ocorrer uma investigação, evitando, assim, novas vítimas.

O que leva crianças e adolescentes a se envolverem em desafios perigosos na internet?

Crianças e adolescentes são curiosos e vulneráveis e esses jogos e desafios têm um efeito reforçador pela recompensa de conseguir cumprir o que foi proposto. Entretanto, as mesmas não possuem capacidade de classificar perigos e ameaças. Outro ponto é a questão social. Quando os amigos começam a fazer, por imitação e necessidade de inserção no grupo, a tendência é a repetição do comportamento.

Quais são os maiores perigos da internet para crianças e adolescentes?

Na internet, não conseguimos distinguir se uma pessoa é quem ela diz ser. Então, passa a ser um ambiente muito utilizado para crimes como pedofilia e cyberbullying, que é a intimidação e humilhação no ambiente virtual. Além disso, crianças e adolescentes conseguem ter acesso a conteúdos que podem não ser adequados para sua idade.

Em tempos cada vez mais conectados, como proteger os filhos dos perigos da internet e de conteúdos impróprios?

O diálogo é o melhor aliado. Conversar sobre os perigos da internet é importante. Os filhos também precisam compreender (não só pela fala dos pais, mas também por seus comportamentos) que, em caso de um problema, eles podem contar para os pais sem medo de punição. O medo de que os pais briguem gera, muitas vezes, a mentira ou a omissão, fazendo com que os pais não tenham acesso ao que seus filhos estão vendo na internet. Outra forma é não deixar a criança utilizar a internet sem supervisão, estar por perto, perguntar o que a criança ou adolescente está assistindo ou fazendo.

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