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Favelas do Rio têm mais mortes por coronavírus do que 121 países

O Painel Unificador Covid-19 nas Favelas reportou, até o momento, 2.873 mortes nas favelas da Região Metropolitana, sendo 1.967 óbitos em comunidades dentro do município do Rio de Janeiro

Favela da Rocinha, em São Conrado, Zona Sul do Rio
Favela da Rocinha, em São Conrado, Zona Sul do Rio -
Rio - Cinco meses após lançar o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas, coletivos da sociedade civil fluminense voltam a denunciar a falta de políticas públicas de combate ao novo coronavírus, principalmente nas favelas do Rio. Nesta quinta-feira, 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, as 22 organizações que realizam o Painel farão um debate. Nele, será apresentado à imprensa e aos parlamentares a situação da covid-19 nos territórios periféricos e ações que possam reduzir os danos da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro que utiliza os transportes públicos.
Com a passagem do tempo, o Painel Unificador vem acessando novas fontes de dados sobre o alcance do coronavírus nas comunidades. Hoje, ele reporta 25.552 casos e 2.873 óbitos nas favelas da Região Metropolitana, sendo 20.716 casos e 1.967 óbitos em favelas dentro do município do Rio de Janeiro. Atualmente, o Painel Unificador representa 64,6% dos domicílios das comunidades na cidade carioca.
A partir de um levantamento feito pela Universidade Johns Hopkins sobre as mortes por covid-19 no mundo, o Painel identificou que já ocorreram mais mortes nas favelas do Rio de Janeiro do que em 121 países inteiros. O número de mortes nas favelas ultrapassa o de mortes no Congo (344), Irlanda (2099), Austrália (908), Venezuela (924), Dinamarca (894), Moçambique (136), Tailândia (60), Camarões (443), Malásia (388), e muitos outros.
Para quem não conhece, o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas é realizado através de uma metodologia altamente participativa. Devido à falta de testagem em massa na maioria dos territórios, ele compreende que as informações oriundas de uma base local qualificada são as mais precisas. A partir dessas fontes locais, o Painel começou a montar sua base de dados em julho de 2020 e a cada semana acrescenta novas fontes. Recentemente, os organizadores optaram por uma metodologia de Zona de Influência de Códigos de Endereços Postais (CEPs), identificando os CEPs que melhor representam áreas de favela, começando pelas mais populosas. Dessa forma, a organização do Painel conseguiu abranger, até o momento, 228 favelas.
* Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes