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Decisão da prefeitura de cancelar festas privadas no Réveillon não surpreende comerciantes

Muitos empresários optaram por não realizar evento com medo de proibição

Prefeitura proíbe que quiosques promovam eventos para o Réveillon
Prefeitura proíbe que quiosques promovam eventos para o Réveillon -
Rio - A decisão da Prefeitura do Rio de cancelar as festas privadas do Réveillon na orla do Rio de Janeiro não surpreendeu os donos de quiosques de Copacabana, Zona Sul — que promove uma das mais famosas celebrações de Ano Novo do mundo. Com medo da proibição dos eventos por conta da pandemia da covid-19, muitos empresários optaram por não realizar a comemoração na passagem de 2020 para 2021.

Roni Silva, gerente do quiosque Cantina Cearense nas proximidades do hotel Copacabana Palace, um dos locais mais disputados por turistas seja na orla ou na areia, conta que o estabelecimento preferiu não organizar nenhuma festa esse ano porque estavam desconfiados de que o evento não aconteceria. “A gente estava esperando uma definição concreta da Orla Rio, se ia ser liberado espaço na areia ou não, como estava tudo meio no ar, a gente preferiu não fazer festa a tomar prejuízo.”
Segundo Roni, o investimento para a festa de Ano Novo ficaria na casa dos R$ 12 mil. “Esse ano já seria diferente por conta da pandemia, mas para você organizar um evento, que vai precisar de reforço de funcionário, aluguel de banheiro químico, imprimir panfletos, cardápio especial. É necessário o mínimo de certeza que vai acontecer”, diz o gerente.

No quiosque Espetto Carioca, um funcionário, que pediu para não ser identificado, diz que não sabia da nova decisão da Prefeitura do Rio. "Achei que já estivesse proibido, não organizamos evento", comenta. No entanto, havia um outdoor com anúncio do Réveillon 2021 com open bar, open food, show ao vivo e DJ.

Em outro quiosque também nas imediações do Copacabana Palace, o dono do estabelecimento, que não quis se identificar, afirma que estava descrente com a realização das festas na orla. "Eles [Orla Rio] estavam negociando, mas eu estava com pouca confiança de que aconteceria por conta do aumento dos casos da covid-19. O prejuízo que eu vou ter é de R$ 120, que foi os flyers que fiz numa gráfica, mas nem deu tempo de distribuir."

Prejuízo de R$ 18 mil

Tula Bravo, dona do quiosque Xodózin, estava confiante que poderia realizar o evento e já tinha vendido muitos ingressos para a festa da virada. "Na minha cabeça, se não fosse proibido fazer festa, eles já teriam proibido logo no início, não imaginaria que cancelariam agora dia 17 de dezembro. Era melhor não terem deixado a gente nem começar organizar, mas proibir agora é um desrespeito", lamenta.

A festa do quiosque tinha ingressos entre R$ 600 e R$ 3 mil. "Num mundo sem pandemia, uma noite de Ano Novo equivale a um mês de faturamento, é o nosso 13º e capital de giro de janeiro. Neste ano, eu não teria esse faturamento, mas seria um reforço após tantos meses difíceis", avalia Tula.

Segundo a empresária, o evento seria realizado para 92 pessoas e não para as 300 costumeiras. "Ia ser uma festa maravilhosa, mas agora bateu um grande desânimo. A gente está arrasado."

Tula estima um prejuízo de R$ 18 mil, entre ingressos, decoração e demais fornecedores. "Ainda vou precisar negociar para ser ressarcida 100%", diz. "Agora a gente não pode fazer festa porque o estado fechou os hospitais de campanha, não investiu em saúde e pesquisa? Eu não posso fazer festa porque o estado não está preparado?", conclui.
 
Prefeitura proíbe que quiosques promovam eventos para o Réveillon Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Quiosque Xodózin não vai poder realizar festa de Ano Novo programada Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Na foto, Roni Silva, gerente do quiosque Cantinho Cearense, na orla de Copacabana Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Na foto, Roni Silva, gerente do quiosque Cantinho Cearense, na orla de Copacabana Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Quiosque Xodózin não vai poder realizar festa de Ano Novo programada Reginaldo Pimenta / Agência O Dia