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QG da Propina: restaurante de colaborador foi alvo de tiros

Em denúncia, MP cita que delatores temem Rafael Alves, acusado de ser operador do esquema de desvio de verba na Prefeitura e que tem relação com bicheiros

Fachada de restaurante de delator foi alvo de tiros. Linha de investigação segue possível retaliação de Rafael Alves
Fachada de restaurante de delator foi alvo de tiros. Linha de investigação segue possível retaliação de Rafael Alves -
Rio -- Na madrugada do dia 6 de novembro deste ano, a fachada do restaurante que pertencia ao colaborador Ricardo Siqueira Rodrigues, na Barra da Tijuca, foi alvo de cerca de 30 tiros. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Na denúncia que levou à operação que prendeu o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e outros membros acusados de desvio de dinheiro em contratos na Prefeitura. o Ministério Público cita os disparos ao estabelecimento e diz que os delatores temem retaliações violentas de Rafael Alves. 
"Fato é que todos os colaboradores, sem exceção, manifestaram expressamente seu profundo temor contra possíveis represálias que possam ser orquestradas por integrantes da organização criminosa ora desvelada, em especial por Rafael Alves que é percebido por todos, até mesmo por outros investigados, como uma
pessoa extremamente perigosa e violenta, além de possuidora de contatos e recursos financeiros suficientes para “encomendar” a morte de qualquer um que enxergue como inimigo", diz trecho da denúncia. 
Rodrigues firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, no âmbito da Lava Jato, no Rio. Esse acordo foi aceito pelo Ministério Público Estadual, também. De acordo com o empresário, Rafael Alves fez uma reunião anterior à eleição de 2016, na qual se apresentava como representante de Marcelo Crivella e oferecia futuros contratos a empresários. Ele pediu, na ocasião, R$ 2 milhões em propina, antecipados. Apesar de Crivella não estar presente, em uma dessas reuniões, o então senador Eduardo Lopes, que era suplente de Crivella,  teria comparecido representando o atual prefeito.
Na denúncia, o Ministério Público do Rio citou uma matéria do O DIA  para exemplificar a relação de Rafael Alves com o mundo da contravenção. O "temor reside no fato de Rafael Alves ser muito ligado a figuras do 'mundo do samba' que historicamente controlam a contravenção do jogo do bicho, bem como pelo fato de ser o companheiro de Shanna Harrouche, filha do notório bicheiro Waldemir Paes Garcia, vulga Maninho, cujas disputas familiares por seu espólio, em especial o domínio de milhares de pontos de exploração de
máquinas de caça-níqueis e de bancas do jogo do bicho na região central e zona sul do Rio de Janeiro, envolvem alguns homicídios consumados e outros atentados não tão bem sucedidos", diz trecho.
Sobre o fato do restaurante ter sido alvo de tiros, os promotores afirmaram que "não se pode descartar a verossímil possibilidade de que tal atentado tenha sido uma espécie de “recado” endereçado ao ora colaborador, no sentido de desestimulá-lo a se manter firme no propósito de auxiliar a Justiça na busca da verdade".
Sérgio Mizrahy diz que Alves planejou sua morte
Também na denúncia, parquet fluminense cita que o doleiro Sérgio Mizrahy, outro delator, afirmou ter conhecimento de um plano para matá-lo que seria orquestrado por Alves. Ele teria sido ameaçado através de ligações telefônicas, que estão sendo investigadas, mas sem sucesso de indentificar a autoria. Segundo os promotores, Alves negou o plano e fez uma queixa-crime por calúnia contra Mizrahy.