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Registro de vacina contra a covid-19 deve ser feito até a próxima semana, diz Fiocruz

Instituição pretende entregar 210,4 milhões de doses no País ao longo de 2021, soma suficiente para vacinar mais de 105 milhões de pessoas

Fiocruz deve pedir registro de vacina contra a covid-19 até a próxima semana
Fiocruz deve pedir registro de vacina contra a covid-19 até a próxima semana -
Rio - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), laboratório público ligado ao Ministério da Saúde, deve pedir até a próxima semana o registro da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o grupo farmacêutico AstraZeneca. O imunizante é a principal aposta do governo federal para combater a pandemia do novo coronavírus. A Fiocruz pretende entregar 210,4 milhões de doses no País ao longo de 2021, soma suficiente para vacinar mais de 105 milhões de pessoas.

A ideia de levar o pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre o fim de 2020 e o começo do ano seguinte já havia sido anunciada pela Fiocruz e citada pelo Ministério da Saúde. Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira, 28, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da fundação, Marco Krieger, confirmou que o calendário está mantido.

A Fiocruz pretende, no começo de janeiro, começar a produzir as doses da vacina. A previsão é receber o registro da Anvisa até fevereiro e, na sequência, liberar as doses já fabricadas. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirma que a vacinação no Brasil deve começar em meados de fevereiro.

O laboratório brasileiro irá pedir o registro definitivo do produto. Com este tipo de aval é possível entregar as doses em massa à população e até mesmo usá-las na rede privada. A Fiocruz, porém, vende as suas doses apenas à rede pública. A Anvisa tem até 60 dias para avaliar o pedido de registro. A expectativa do laboratório público é que a análise seja mais célere, pois já foram entregues à agência os dados iniciais (fases 1 e 2) de desenvolvimento do imunizante.

Uma opção é tentar o aval para uso emergencial e temporário da vacina. Neste caso, a Anvisa estima finalizar a análise em até 10 dias, mas o produto só poderia ser aplicado em grupos pequenos, como de profissionais de saúde. A Fiocruz não deve tentar este tipo de autorização.

Krieger disse ao Estadão que a documentação só será levada à agência após a publicação dos dados finais (fase 3) da pesquisa de desenvolvimento do imunizante. Ele disse que o pedido será feito "no máximo" até a próxima semana. A AstraZeneca afirma ter encontrado, após pesquisas adicionais, "a fórmula vencedora" para sua vacina contra covid-19. Em entrevista ao jornal Sunday Times, o CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, disse que o imunizante garantiu "proteção de 100%" contra formas graves de covid-19.

O porcentual citado por Soriot se refere ao poder de evitar a forma grave da covid-19. Já os dados sobre a eficácia da vacina, ou seja, de impedir o desenvolvimento da doença a partir da proteção criada pelo produto, ainda são desconhecidos. As vacinas desenvolvidas por Pfizer/BionTech e Moderna apresentaram eficácia de 95% e 94%, respectivamente.

"A gente não viu esses dados ainda, mas quem falou foi o CEO da empresa. Minha convicção era de que essa evolução acontecesse. Não imaginava que seria tão rápido", disse Krieger ao Estadão sobre a fala de Soriot.

O representante da Fiocruz também afirma que as novas vacinas são uma "revolução" no combate a doenças infecciosas. "Há ansiedade, mas a perspectiva é boa. O Brasil pode ter mais de uma vacina em tempo rápido. Estamos animados com os resultados dessas novas tecnologias", disse Krieger.

A Anvisa já certificou a fábrica da AstraZeneca, localizada na China, que produz o insumo farmacêutico entregue à Fiocruz. O laboratório brasileiro, no primeiro semestre, deve realizar fases finais de preparação da vacina. A ideia é que todo o produto seja fabricado no Brasil a partir da segunda metade de 2021.

Segundo o plano nacional de imunização do Ministério da Saúde, a produção das doses na Fiocruz está prevista para começar em janeiro. A entrega do primeiro lote, de 15 milhões de doses, será feita no mês seguinte. No primeiro semestre, a ideia é fabricar 100,4 milhões. No segundo semestre, mais 110 milhões de doses com produção totalmente nacional. O cronograma de vacinação dos grupos prioritários foi montado a partir da previsão de doses disponíveis em 2021 desta vacina.