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BRT Rio não tem recursos para pagar a segunda parcela do salário de janeiro e a compra de insumos

Segundo a concessionária, a covid-19 agravou e acelerou uma realidade que já vinha sendo impactada pelo congelamento da tarifa há dois anos

BRT Rio anunciou que não tem recursos para pagar a segunda parcela do salário de janeiro e a compra de insumos
BRT Rio anunciou que não tem recursos para pagar a segunda parcela do salário de janeiro e a compra de insumos -
Rio - O setor de transporte de passageiros vem atravessando a sua mais grave crise econômico-financeira no Rio. O BRT Rio anunciou publicamente, neste sábado, que não tem recursos para honrar seus próximos compromissos prioritários, como o pagamento da segunda parte do salário de janeiro, em 5 de fevereiro, e a compra de insumos necessários à operação, como combustível, por exemplo.
Segundo a concessionária, a covid-19 agravou e acelerou uma realidade que já vinha sendo impactada pelo congelamento da tarifa há dois anos, pela expansão do transporte clandestino por vans e do transporte por meio de aplicativos, pela concessão de gratuidades sem fonte de custeio, entre outros fatores.
"O BRT Rio vem trabalhando para honrar com todos os seus compromissos, mas é fato que a pandemia desestruturou por completo o fluxo de caixa da empresa, e o valor arrecadado com as passagens não tem sido suficiente para suportar os custos com a folha de pagamento, principais insumos e impostos", disse a concessionária, em nota.
A situação é resultado direto do agravamento dos impactos da pandemia sobre todo o setor de transportes públicos. Nos primeiros meses da pandemia, o BRT Rio trabalhou com queda de até 75% no número de passageiros. Hoje, 11 meses depois do início do combate à covid-19, a queda de passageiros está na faixa de 45% em relação ao período anterior à pandemia. A perda de receita entre março de 2020 e janeiro de 2021 atingiu R$ 200 milhões.
Apesar das diversas sinalizações do BRT Rio nos últimos meses sobre o desequilíbrio econômico do sistema, segundo a concessionária, até o momento não houve qualquer ajuda por parte dos governos municipal, estadual e federal para o enfrentamento dos impactos da pandemia.
Em 2020, o BRT Rio aderiu à MP 936, que permitiu a redução de jornada dos colaboradores com reposição de parte do salário pelo Governo Federal. A medida deu um fôlego emergencial à empresa, porém não foi suficiente para conter o desequilíbrio financeiro.
A proposta de pagar a segunda parcela do 13º salário em cinco vezes, feita em dezembro passado e recusada pela assembleia da categoria, demonstra que as dificuldades financeiras do BRT Rio são recorrentes. Ao mesmo tempo, os recursos obtidos através de empréstimos bancários já se esgotaram.
A partir de acordo assinado com o Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro, o BRT Rio adotará, em fevereiro e março, um sistema de rodízio entre seus colaboradores, com a dispensa de até 10 dias e a equivalente redução salarial.