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Trabalhadores podem calcular suas perdas do FGTS geradas pelos expurgos da TR

Até agora foram mais de R$ 500 bilhões que não entraram na conta de 60 milhões de brasileiros

 O Rio de Janeiro está entre os estados com as maiores taxas de desocupação (19,1%)
O Rio de Janeiro está entre os estados com as maiores taxas de desocupação (19,1%) -
O Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador (IFGT) disponibilizou em seu site uma calculadora para que o trabalhador tenha uma estimativa de quanto já perdeu nos últimos 21 anos e de quanto irá perder nos próximos cinco, caso o governo continue mantendo a Taxa Referencial (TR) como índice de atualização monetária do Fundo. Na calculadora, o instituto usa o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) do IBGE no lugar da TR, que tem uma atualização menor que a inflação, e desde setembro de 2017, é zero. Esse expurgo gerou perdas. Até agora foram mais de R$ 500 bilhões que não entraram na conta de 60 milhões de brasileiros.
"Desde 1999, trabalhadores foram e continuam sendo confiscados mensalmente pelo governo no rendimento do seu Fundo de Garantia. É preciso pressionar o Congresso Nacional para que se mude a Lei que permite este expurgo. O confisco surgiu quando a Lei 8.036 de 11/05/1990 que regulamenta o Fundo de Garantia trocou o termo “Correção Monetária" por "Atualização Monetária", e estabeleceu que o Índice de Atualização Monetária do Fundo de Garantia seria o mesmo usado na Caderneta de Poupança", explica Mario Avelino, presidente do IFGT.
A TR foi criada pela Lei 8.177 em março de 1991 e, dessa data até junho de 1999, a TR cumpriu este papel, repondo a inflação do período. Porém, Avelino explica que, a partir de julho de 1999, o Banco Central começou a aplicar redutores no cálculo da TR, e a mesma não repôs as perdas geradas pela inflação. Só nos últimos três anos, enquanto a inflação pelo INPC de 2018 até dezembro de 2020 foi de 13,95%, a TR no mesmo período foi zero. "Dessa forma, o governo continua a confiscar mensalmente o trabalhador com a TR zero", explica ele. 
A essa calculadora gratuita funciona para que o trabalhador tenha noção do quanto deixou de ser creditado em sua(s) conta(s) e passe a lutar por seus direitos. Para se ter uma estimativa desses valores, basta entrar no link https://fundodegarantia.org.br/utilidades/calculadora/ e marcar sim para todos os anos (de 1999 a 2020) em que trabalhou com carteira assinada, além de informar quantos salários mínimos recebia neste período.
Segundo Avelino, desde 2007 existem projetos de Lei no Congresso Nacional pedindo a troca da TR pelo INPC, como o PL 581/2007 do senado Paulo Paim, que foi arquivado em 2018, e o PL 103/2015, aprovado na Câmara e parado no Senado desde 2015. “Esses projetos não são votados, porque o governo não quer. No momento, para o trabalhador não ter mais prejuízo, a solução é que ele participe de ações coletivas, por isso estamos promovendo uma pelo Instituto", explica o presidente do instituto.
Na visão de Avelino, a ação coletiva fará pressão no governo. A expectativa dos trabalhadores é pelo julgamento no Supremo Tribunal Federal  (STF), que por causa da pandemia foi adiado e está em aberto. Neste julgamento, será votada a troca da TR pelo IPCA.