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Justiça não aceita recurso de defesa e acusados pelo homicídio de Marielle vão a júri popular

Eles respondem pela morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes, executados em março de 2018

 Ronnie Lessa e Élcio Queiroz
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz -
Rio - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) recusou por unanimidade, nesta terça-feira, o recurso de defesa do PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz para não irem a júri popular. Eles são acusados pelo homicídio da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que aconteceu no dia 14 março de 2018 no bairro Estácio, na Região Central do Rio. Ronnie e Élcio respondem por duplo homicídio triplamente qualificado.
Os desembargadores do TJRJ tomaram a decisão após ouvir a defesa e acusação, em audiência por videoconferência. A magistrada Katya Maria de Paula Menezes Monnerat disse que "a prova oral colhida nos autos trouxe sérios e concretos indícios da participação ativa dos réus no crime. 
Ela disse ainda que foram inúmeros depoimentos de durações expressivas que cabe ao júri popular analisar e decidir a procedência dos mesmos. 
Durante o julgamento, Luciana Pivato, advogada de Mônica Benício, viúva de Marielle, alegou que o crime foi praticado por motivo torpe, mediante a emboscada, o que dificultou a defesa das vítimas. Além disso, Pivato alegou que foram recolhidos indícios suficientes para que Ronnie e Élcio sejam submetidos ao julgamento pelo conselho de sentença, a quem caberá julgar as duas responsabilidades diretas pelas mortes da deputada e do motorista, além da tentativa do assassinato da assessora da parlamentar, Fernanda Chaves. 
"O caso, que ganhou repercussão nacional e internacional pela crueldade em que se encerrou a vida de uma mulher negra, ensejou uma atuação complexa, profunda e cuidadosa das instituições responsáveis por sua investigação. Na fase policial, foram ouvidas mais de 200 pessoas e produzido um vasto conjunto de provas técnicas e relatórios destacados pelo Ministério Público", disse Pivato.
A advogada de Mônica disse ainda que Ronnie Lessa, antes do crime, pesquisava sobre diversas pessoas ligadas ao partido político de Marielle, o Psol.
"Ficou comprovado que o PM reformado pesquisou exaustivamente sobre os aliados da vereadora. A partir de fevereiro de 2018 (um mês antes do crime), foi pesquisado os locais em que Marielle frequentava, além de sua rotina. Constam nos autos indícios suficientes de que Ronnie Lessa também pesquisou e adquiriu objetos para auxiliá-lo na execução e acobertamento do crime", concluiu.
Lessa e Queiroz respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas. Eles estão presos no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia.