Mais Lidas

Bolsonaro e Salles criam programa 'Adote 1 Parque' para preservação da Amazônia

Com a iniciativa, o governo espera arrecadar R$ 3,2 bilhões para investir na conservação da floresta

Ministro Ricardo Salles criou a medida alegando a necessidade dos órgãos fiscalizadores buscarem acordos antes que surja a contestação judicial
Ministro Ricardo Salles criou a medida alegando a necessidade dos órgãos fiscalizadores buscarem acordos antes que surja a contestação judicial -
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira, 9, decreto que cria o programa "Adote 1 Parque", do Ministério do Meio Ambiente, para arrecadar recursos para a preservação de parques da Amazônia. Com a iniciativa, o governo espera arrecadar R$ 3,2 bilhões para investir na conservação da floresta. O lançamento do programa era prometido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desde o ano passado.

Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, o vice-presidente Hamilton Mourão não participou do evento realizado no Palácio do Planalto nesta tarde para o lançamento do projeto. A assessoria do Ministério do Meio Ambiente informou que "todos os integrantes do governo federal estavam convidados"

O programa permite que empresas e pessoas físicas, nacionais e estrangeiras, possam adotar uma das 132 unidades de conservação da região amazônica por um ano. Para entes nacionais, o valor é de R$ 50 por hectare e € 10 para empresas estrangeiras. A adoção da área pode ser prorrogada por até cinco anos. "(Valor de) € 10 por hectare por ano é um recurso bastante significativo para nós que temos já há muito anos um orçamento bastante limitado para cuidar dessas unidades de conservação", disse Salles.

Segundo Salles, o programa "simboliza uma aproximação do setor privado", que cada vez mais se interessa pela conservação do meio ambiente. O ministro informou ainda que outros biomas poderão ser incluídos no programa eventualmente.

No evento, o presidente do grupo Carrefour na América Latina, Nöel Prioux, assinou protocolo de intenções de adoção do parque do Lago do Cuniã, no Estado de Rondônia. Em sua fala, Bolsonaro agradeceu a parceria do grupo francês e disse que "não tem porque Brasil e França se distanciarem". A questão ambiental, contudo, já foi tema de atritos entre o chefe do Executivo já protagonizou atritos com o presidente francês, Emmanuel Macron.

"O que nós podemos falar para aqueles que nos criticam, é o seguinte: nós não temos condições, por condições econômicas, de atender nessa área, vem nos ajudar. E uma empresa francesa foi a primeira que apareceu. Isso obviamente é um marco para nós", disse.

O presidente ressaltou que a Amazônia corresponde a uma área "enorme", maior que a Europa Ocidental. "É difícil cuidar disso tudo", observou. Ele também mencionou problemas na região do Pantanal, bioma que no ano passado sofreu com queimadas. "Por vezes a legislação atrapalha a gente a preservar aquela área (do Pantanal)", comentou.

No evento, Bolsonaro voltou a dizer que o Brasil é o País que mais preserva o meio ambiente. Ele também repetiu que "a bacia amazônica não pega fogo", apesar do aumento de queimadas registradas no ano passado na região. O chefe do Executivo fez ainda um aceno ao setor do agronegócio e caminhoneiros ao citar que o "homem do campo não ficou em casa" durante a pandemia. Ele cumprimentou caminhoneiros por terem distribuído a produção brasileira.

Programa

Em setembro do ano passado, o Estadão mostrou que 15 empresas nacionais apresentaram "manifestação de interesse" em participar do programa. Na lista, estavam três bancos, três indústrias e companhias do setor de comércio. No evento de hoje, Salles garantiu que, além do Carrefour, outras empresas estão interessadas na iniciativa.

"Já temos diversas outras empresas que manifestaram interesse e agora, com assinatura do decreto, poderão formalizar contrato", afirmou o ministro a jornalistas. De acordo com o governo, quem adotar um parque será reconhecido como "Parceiros do Meio Ambiente" e poderá divulgar essa parceria. O ministro garantiu que a gestão das áreas de conservação continuará com o governo federal.