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Após polêmica, Lira promete 'dialogar' sobre novo espaço para comitê de imprensa na Câmara dos Deputados

A informação foi dada durante a sessão deliberativa extraordinária desta quarta-feira, dois dias depois de o próprio Arthur Lira anunciar a transferência dos jornalistas para uma sala sem janelas no subsolo do prédio do Congresso

Arthur Lira (PP-AL), Presidente da Câmara dos Deputados
Arthur Lira (PP-AL), Presidente da Câmara dos Deputados -
Depois de sofrer pressão interna de praticamente todos os partidos de esquerda e de alguns parlamentares de centro-direita, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), afirmou que pretende chegar a “uma solução viável” em relação ao local em que ficará instalado o comitê de imprensa no Legislativo.
A informação foi dada durante a sessão deliberativa extraordinária desta quarta-feira, dois dias depois de o próprio Arthur Lira anunciar a transferência dos jornalistas para uma sala sem janelas no subsolo do prédio do Congresso. Desde 1960, os repórteres estavam instalados num espaço ao lado do plenário, onde agora ficará o gabinete do presidente da Câmara.

Apesar de dizer que a retirada do comitê da antiga sala é “uma decisão tomada”, Lira anunciou, de forma vaga, que ainda hoje discutirá o assunto com a imprensa, sem dar mais detalhes. Desde a sessão de ontem, o recém-empossado presidente da Casa vinha recebendo inúmeros pedidos para reavaliar a transferência, tanto de parlamentares que falavam no púlpito do plenário quanto daqueles que pediam a palavra remotamente.

Na sessão desta quarta-feira, diante de claro constrangimento, Lira interrompeu a votação do projeto de lei que dá autonomia ao BC, para finalmente dar explicações públicas. Ele disse que a mudança de lugar do comitê faz parte de um conjunto de intervenções no plano de preservação do patrimônio da Câmara, proposto pela primeira secretaria da gestão Rodrigo Maia e aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em seguida.


“Eu vou falar uma única vez sobre esse assunto porque há deputados bem-intencionados e deputados que realmente faltam condições para fazer determinadas críticas”, disse inicialmente Lira. “Não há nenhum problema no lugar que foi oferecido à imprensa, uma sala de 107 metros quadrados, com copa, banheiro, com todo o sistema virtual para acessibilidade (...). O que a imprensa reclama é que não pode ficar distante do plenário, e nós vamos conversar e dialogar para acharmos uma solução viável”, disse.

Alguns minutos antes da declaração, o deputado Orlando Silva (PCdoB/SP) tinha ponderado se fazia sentido colocar jornalistas em uma sala sem janela, em plena pandemia. Nas fileiras de centro e de direita, também houve críticas à mudança, entre elas a do parlamentar maranhense emedebista Hildo Rocha. O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) chegou a iniciar uma coleta de assinaturas para um abaixo-assinado questionando a transferência de lugar.

“Acho bem-vinda a iniciativa agora do presidente da Casa de abrir um diálogo sobre esse tema. A imprensa é muito importante para a transparência do trabalho da Câmara dos Deputados, apontando erros e acertos”, disse a deputada Clarissa Garotinho (PROS/RJ), autora de um projeto para aumentar a pena atrelada a crime de lesão corporal cometido contra profissionais da imprensa durante o exercício da profissão.