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Tio de adolescente morto no Fubá diz que PMs não prestaram socorro ao baleado

Ray Pinto Faria, de 14 anos, foi morto na segunda-feira aos 14 anos durante operação policial na comunidade do Fubá, em Campinho, Zona Norte do Rio

Moradores realizam protesto e pedem 'Justiça por Ray' na comunidade do Fubá, no Campinho Zona Norte do Rio
Moradores realizam protesto e pedem 'Justiça por Ray' na comunidade do Fubá, no Campinho Zona Norte do Rio -
Rio - O tio de Ray Pinto Faria, que foi morto na segunda-feira aos 14 anos durante operação policial na comunidade do Fubá, em Campinho, Zona Norte do Rio, denunciou que os policiais não deram assistência ao adolescente. Ele nega que tenha havido troca de tiros no momento do ferimento e diz que a família não tem condições de realizar o sepultamento.
"Os policiais não deram nenhuma assistência. Levaram ele pra outra comunidade, junto com dois corpos que já estavam lá e levaram pro Salgado Filho. Sequer teve amor pela vida de outra pessoa. Ele era menor de idade. Entram na nossa comunidade, fazem arruaça como sempre fizeram, entra na casa de moradores. Aí, dessa vez, vieram e mataram meu sobrinho", critica o parente em entrevista à ONG Rio de Paz.
O tio disse que a mãe do menino estava procurando Ray desde as 6h. 
"Ela rodou a comunidade toda e não achou. Ele estava jogando no celular no portão de casa. Ela foi ali pra cima, perguntou aos policiais, disseram que não tinham visto ele. Depois, ela perguntou a outro policial e ele disse que tinha um menor atingido. Mas não teve troca de tiro. Meu sobrinho não é bandido. Ele só tem 14 anos", relata. 
A família contesta a versão da polícia de que houve confronto com bandidos no local. "Como teve troca de tiro, se nenhum morador ouviu tiro?", questiona o tio.
O adolescente morreu nesta segunda-feira, durante uma ação da PM no Morro do Fubá, em Campinho, Zona Norte do Rio. Segundo os parentes, o menino estava no portão de casa quando foi abordado e levado por PMs.
Na noite de segunda-feira, dezenas de pessoas fizeram um protesto na comunidade pedindo "Justiça para o Ray".
Os familiares afirmam que passaram algumas horas sem saber do paradeiro de Ray, até receberem a informação de que o adolescente estava no Hospital Municipal Salgado Filho, onde foi encontrado morto por sua mãe.
Um primo de Ray reconheceu seu corpo, e contou que o adolescente tinha duas marcas de tiro: um na perna e outra na barriga.
Em resposta a demanda do MEIA, a Polícia Militar confirmou que o 1º Comando de Policiamento de Área (CPA) e o Comando de Operações Especiais (COE) atuaram na Zona Norte da cidade do Rio, nesta segunda-feira (22). Segundo a PM, a operação tinha por objetivo "coibir movimentações de grupos criminosos na região".
Segundo a nota da PM, houve confronto entre PMs e criminosos armados nas comunidades do Urubu e do Fubá. Na comunidade do Urubu, foram localizados dois feridos; no Fubá, houve um ferido. As três pessoas foram encaminhadas ao Hospital Municipal Salgado Filho e morreram.
A PM não informou se Ray Pinto Faria está entre os óbitos decorrentes da operação desta segunda-feira. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que Ray Pinto Faria chegou morto e sem identificação à unidade hospitalar. A família já reconheceu o corpo do rapaz. 
Operação nesta terça-feira
A comunidade do Fubá é novamente alvo de operação nesta terça-feira, dessa vez, com apoio da Polícia Civil. Veículos blindados são vistos no entorno da comunidade e há registros de tiros na Praça Seca. O motivo da ação ainda não foi divulgado pelas polícias.
Rio Ônibus: Menos 800 lugares por dia no sistema de ônibus

A Rio Ônibus divulgou nota na noite de segunda-feira por conta do incêndio e depredação de dois ônibus, em protesto pela morte de Ray. O sindicato das empresas de ônibus disse que está sem orçamento para insumos básicos e que as empresas não têm recurso para repor a maior parte dos ônibus vandalizados todos os dias no Rio de Janeiro.
"Menos 800 lugares por dia no sistema de ônibus. Com dois veículos destruídos, a frota sofreu novas baixas durante manifestações próximas ao Morro do Fubá, na Zona Norte, nesta segunda-feira. A primeira ocorrência, às 11h, retirou de circulação um ônibus da linha 636, que liga Praça-Seca e Saens Peña, totalmente vandalizado. Por volta das 20h, o segundo carro, de linha intermunicipal, com trajeto de Duque de Caxias ao Méier, foi intencionalmente incendiado", diz o texto.
Moradores realizam protesto e pedem 'Justiça por Ray' na comunidade do Fubá, no Campinho Zona Norte do Rio Reprodução/ Rio de Paz
Familiares de Ray Pinto Faria, de 14 anos, acusam a Polícia Militar pela morte do jovem em comunidade na Zona Norte do Rio Reprodução