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Polícia Civil indicia pastor por intolerância religiosa em Belford Roxo

Gleidson Lima profanou peças religiosas e registrou o momento em um vídeo que circula nas redes sociais

Pastor quebra peças religiosas ligadas à religião de matriz africana
Pastor quebra peças religiosas ligadas à religião de matriz africana -
Rio - A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciou, nesta quarta-feira, o pastor da Igreja da Tenda dos Milagres, Gleidson Lima, que profanou peças religiosas e registrou o momento em um vídeo que circula nas redes sociais. O caso aconteceu no bairro Vila Cláudia, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
No vídeo, é possível perceber que missionários acompanham de perto a ação. O pastor usa uma pedra para quebrar peças sagradas e desfaz as oferendas colocadas no chão. No registro ele diz: "quebrando em nome de Jesus", "quebra de maldição", "foi quebrado também essa oferenda em nome de Jesus". Gledson encerra o vídeo chamando pessoas para o culto de sua igreja: "Receba a tua vitória, venha amanhã para o nosso culto, amém".
Vítima do caso, o Babalorixá Natã de Oxaguiãn, do terreiro Ilê Àsé Babá Min Okan Fun Fun, de 25 anos, disse ao DIA que procurou o pastor Gleidson para dialogar e cobrar uma retratação. Sem sucesso, ele registrou o caso no DECRADI na tarde desta quarta (10) e contou que se sente cada vez mais inseguro.
"Tenho um sentimento de medo, impotência e tristeza, por não poder fazer nada. Tem lugares que não podemos andar com vestimentas sagradas, nós realizamos um culto tão maravilhoso, tão normal, e somos perseguidos o tempo todo por pessoas que infelizmente são lideranças religiosas", afirmou Natã.
Rio criará programa para vítimas de intolerância religiosa
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta quarta-feira, em discussão única, o projeto de lei que institui o Programa de Assistência às Vítimas de Intolerância Religiosa no Estado do Rio. De autoria do deputado Átila Nunes (MDB), o texto seguirá para o governador em exercício, Cláudio Castro, que tem até 15 dias úteis para sancioná-lo ou vetá-lo.
Segundo o projeto, caberá à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) constatar a ocorrência dos casos de intolerância e lavrar laudo circunstanciado que ateste os fatos para aplicação do Plano de Assistência às Vítimas de Intolerância Religiosa.
O programa tem como finalidade a segurança do templo ou ambiente sócio-cultural-religioso que esteja sendo ameaçado; a integridade física das vítimas, seus familiares e adeptos que estejam vulneráveis, através da inclusão em programa de proteção à vítima e testemunha; a moradia às vítimas, seus familiares e adeptos que perderam suas residências ou que estejam em estado de perigo em virtude da intolerância religiosa, através de inclusão no sistema de aluguel social.