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Promotora que deu apoio a Jair Bolsonaro nas eleições deve participar de investigações contra Flávio Bolsonaro

Carmen Eliza Bastos já teria sido afastada anteriormente do caso de Marielle Franco depois de sua posição política ser revelada

Foto de Carmen Eliza Bastos, nova promotora das investigações contra Flávio Bolsonaro.
Foto de Carmen Eliza Bastos, nova promotora das investigações contra Flávio Bolsonaro. -
Rio - A promotora Carmen Eliza Bastos foi transferida pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) para a Promotoria Eleitoral que cuida das investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Anteriormente, em 2019, Carmen Eliza foi afastada das investigações do caso de Marielle Franco após ser revelado que a promotora teria apoiado as eleições de Jair Bolsonaro à Presidência.
O inquérito agora apura se Flávio Bolsonaro teria cometido o crime de falsidade ideológica eleitoral quando declarou bens para a campanha de deputado estadual em 2014. As investigações se baseiam em uma denúncia de um advogado sobre os valores pagos e declarados pelo atual senador em um apartamento na Zona Sul do Rio.
A Polícia Federal abriu uma investigação para apurar o possível crime, mas informou não ter encontrado nenhum indício do ato. O então promotor responsável pelo caso chegou a pedir arquivamento, no entanto, o juiz eleitoral do caso, Flávio Atabaiana, negou o pedido e decidiu encaminhar as investigações para a Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, localizada em Brasília.
Em agosto do ano passado, O Mistério Público Federal resolveu que as investigações contra Flávio Bolsonaro na Justiça Eleitoral deveriam ser continuadas. Uma promotora foi indicada, Taciana Carpilovsky, para dar continuidade ao caso, mas após 90 dias ela teria deixado o cargo para assumir um posto de administração no MP.
Com isso, no fim de janeiro deste ano, a promotora Eliza Bastos foi nomeada para dar continuidade ao caso do senador, filho do presidente. Bastos já teria tido sua imparcialidade questionada após apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.
Em fotos de suas redes sociais, ela apareceu usando uma camiseta com o rosto de Jair Bolsonaro e a frase "Bolsonaro presidente". Já em outro momento, a promotora aparece abraçada com o deputado Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que quebrou uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco. Devido a grande repercussão, Bastos foi afastada das investigações de Marielle.
Corregedoria-Geral do Ministério Público abriu um procedimento para apurar as postagens da promotora, mas segundo o próprio MP o caso veio a ser suspenso. 
Questionado sobre o motivo da escolha de Eliza Bastos para as investigações do caso Flávio Bolsonaro, o MPRJ informou que 'a promotora de Justiça Carmen Eliza está designada pela Procuradoria Regional Eleitoral (MPF) para a 170ª Promotoria Eleitoral. De acordo com a Resolução nº 30, do CNMP, a designação observou critérios objetivos, após concurso de lotação aberto aos Promotores de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, não tendo havido escolha pelo Procurador-Geral de Justiça. Só após assumir a atribuição, a promotora de Justiça deverá se pronunciar da análise dos procedimentos constantes no órgão'.