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Edmar Santos, ex-secretário da Saúde do Rio e suspeito de corrupção, volta a dar aulas na UERJ

Segundo a instituição, Santos não pode ser afastado das atribuições até a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar, instaurado a partir das irregularidades praticadas pelo professor

Ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos
Ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos -
Rio - O ex-secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e suspeito de fraude na compra de respiradores para tratamento da covid-19, Edmar Santos, retornou às suas atividades na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O policial militar e professor de Anestesiologia permaneceu afastado por um período no ano passado, em função de uma licença médica que terminou em fevereiro. 
Segundo a Uerj, foi realizada uma sindicância e instaurado um Processo Administrativo Disciplinar, que está em curso, a partir das irregularidades praticadas por Edmar. "Porém, até sua conclusão, o servidor não pode ser afastado das atribuições, por isso o professor teve de retornar às aulas de Anestesiologia, de forma remota".

A instituição ressaltou, em nota, que não houve desvio de verba do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). As irregularidades praticadas por Edmar Santos quando dirigia o hospital foram referentes ao recebimento de propina junto a empresas fornecedoras, que buscavam o pagamento de faturas devidas do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Em depoimento ao Tribunal Especial Misto (TEM), em janeiro deste ano, o empresário Edson Torres afirmou que o plano do ex-secretário de Saúde era ser reitor da Uerj e deputado. "O Edmar tinha um projeto político de ser diretor do Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto) e reitor da Uerj, e indo a deputado. Era o projeto político dele que ele tinha compartilhado comigo".
Santos, no momento, é réu por improbidade administrativa no processo que investiga possíveis fraudes na compra de mil respiradores para o tratamento de pacientes com a covid-19, após a juíza Georgia Vasconcellos da Cruz, da 2ª Vara da Fazenda Pública do Rio, aceitar a denúncia do Ministério Público (MP) contra o ex-secretário.
De acordo com o pedido do MP, o réu também é acusado pela participação na possível fraude das seguintes empresas: A2a Comércio Serviços e Representações Ltda; Arc Fontoura Industria Comercio e Representações Ltda; Atacadão Farmacêutico Comercio de Material Médico Hospitalar e Alimentos Ltda; Jabel Marketing e Representações Ltda Me; e Mhs Produtos e Serviços Ltda.
Prisão
O ex-secretário de Saúde Edmar Santos foi preso no dia 10 de julho de 2020 sob acusação de integrar uma organização criminosa que teria fraudado contratos de compra de respiradores pulmonares para combate à pandemia do novo coronavírus. O ex-secretário do Rio fechou delação com o MPF e foi solto no dia 6 de agosto de 2020, após decisão dada a pedido da Procuradoria-Geral da República pelo Superior Tribunal de Justiça.
A ação foi um desdobramento da Operação Mercadores do Caos, do Ministério Público do Rio, sobre fraudes em contratos da Secretaria Estadual de Saúde, que já tinha resultado na prisão do ex-subsecretário executivo Gabriell Neves, no início de maio deste ano. Dias depois da prisão de Neves, ainda em maio, Edmar Santos foi exonerado do cargo de secretário estadual de Saúde.