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'Fazer política LGBT nunca foi fácil', afirma Tufvesson, que retomou Coordenadoria da Diversidade Sexual

Estilista voltou a comandar o órgão dez anos depois à convite do prefeito Eduardo Paes

Carlos Tufvesson
Carlos Tufvesson -
Rio - Dez anos depois, o estilista Carlos Tufvesson, de 53 anos, retoma o trabalho na Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual (CEDS) à convite do Prefeito Eduardo Paes (DEM). Em entrevista ao O DIA, o coordenador falou sobre os desafios e dificuldades de assumir novamente um cargo na pasta, principalmente durante o período de pandemia provocada pela covid-19.
"Sou militante há 25 anos e fazer política LGBT nunca foi fácil, por isso sempre atuamos de maneira técnica, visando os interesses do nosso público alvo. Todos os nossos projetos são baseados na Lei Orgânica do Município, na Constituição Federal e demais ordenamentos jurídicos", disse Carlos Tufvesson.
O coordenador da CEDS afirmou que o momento é de tentar diminuir os impactos gerados pela crise de saúde pública:
"Estamos em período de pandemia. A população inteira de nossa cidade, país e no mundo está sendo muito afetada. Além das questões de saúde, temos de pensar no problema da crise que gerou um desemprego onde as minorias são as mais afetadas. Nesse sentido, é dever do poder público intervir para tentar minimizar esse impacto".
Apesar do estado enfrentar problemas financeiros, Carlos Tuvfesson diz que está ciente do baixo orçamento e que vai usar sua experiência para driblar a atual situação. "A questão financeira da Prefeitura é pública, mas precisamos trabalhar com o que temos e a experiência que possuímos, além de buscar parcerias que propiciem novas iniciativas que viabilizem o atendimento ao cidadão".
Rio Sem Preconceito
Em 2011, durante sua primeira passagem pelo órgão, o estilista criou o programa "Rio Sem Preconceito", que já está em fase de reestruturação. A nova fase visa o retorno dos atendimentos jurídicos a população LGBTI+ que tenham seus direitos violados e criar artifícios que possam ajudá-los em meio à pandemia.
Na época da criação do programa, Paes assinou dois decretos visando ao respeito às diferenças em todos os órgãos municipais. O primeiro garante a servidores e usuários dos serviços da Prefeitura o direito ao uso do nome social em órgãos municipais, como as unidades de saúde e educação. O nome social consiste na nomenclatura adotada por travestis e transexuais, ao invés da que consta no documento oficial de identidade.

O outro decreto estabelece que os postos de atendimento ao público das repartições municipais ficam obrigados a expor aviso em local visível proibindo a discriminação em virtude da orientação sexual e identidade de gênero, como também assegura o direito à demonstração de afeto público (de acordo com a Lei 2475/1996).