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Pesquisadores descobrem 'superanticorpos' contra covid-19 em escritor

John Hollis, de 54 anos, participou de um estudo sobre a doença que mostrou que ele produz anticorpos que atacam diversas partes do vírus ao mesmo tempo

John Hollis, escritor americano de 54 anos, ficou surpreso ao descobrir sua resistência ao coronavírus
John Hollis, escritor americano de 54 anos, ficou surpreso ao descobrir sua resistência ao coronavírus -
Quando, em abril do ano passado, um amigo com quem divide apartamento foi diagnosticado com covid-19, o escritor americano John Hollis, de 54 anos, achou que ficaria doente. No entanto, Hollis não apenas não desenvolveu a doença, como descobriu possuir um superanticorpo que o impede de ser infectado, inclusive pelas mutações do novo coronavírus.
A descoberta não veio sem sustos. Segundo relatou à TV americana NBC, o escritor chegou a deixar uma carta para o filho adolescente "caso as coisas desmoronassem muito rápido". Com exceção de alguns problemas de sinusite - que, segundo declarou ao jornal da Universidade de Virgínia, atribuiu a alergias - ele nunca ficou doente.
Em julho, Hollis estava na Universidade George Mason, onde trabalha no setor de comunicação, quando comentou com o professor Lance Liotta, um médico e bioengenheiro da instituição, sobre o que tinha vivido meses antes. Liotta então o convidou para participar de um estudo sobre a doença, e o resultado foi impressionante. O resultado do teste mostrou que Hollis não só havia sido infectado pelo vírus, como havia desenvolvido superanticorpos contra a doença. "Meu queixo bateu no chão", disse Hollis. "Tive que fazer (Liotta) repetir o que ele me disse pelo menos cinco vezes", contou à NBC.
Em entrevista à BBC, o médico responsável pelo estudo explicou os anticorpos desenvolvidos por Hollis atacam diversas partes do vírus ao mesmo tempo e o eliminam rapidamente. Na maioria das pessoas, porém, os anticorpos que se desenvolvem para combater o vírus atacam as proteínas das espículas do coronavírus para que ele não infecte as células. O problema é que, em uma pessoa que entra em contato com o vírus pela primeira vez, demora certo tempo até que o corpo consiga produzir esses anticorpos específicos, o que permite que o vírus se espalhe.
Ainda de acordo com Liotta, mesmo se diluídos em 1 para mil, seriam capazes de matar 99% dos vírus ativos. "Nós coletamos o sangue de Hollis em diferentes momentos e agora é uma mina de ouro para estudarmos diferentes formas de atacar o vírus", afirmou.
"A coisa toda foi surreal", disse Hollis ao jornal da Universidade de Virgínia - onde frequentou a faculdade. "Fui escritor durante toda a minha vida e não poderia inventar essas coisas se quisesse", finalizou.