Cidade de Deus faz 55 anos e moradores pedem o fim da violência como presente
Bairro foi o terceiro com maior número de tiroteios em fevereiro, segundo levantamento do OTT
Por Meia Hora
Publicado em 04/03/2021 00:00:00 Atualizado em 05/03/2021 09:25:52Rio - Operações, confrontos e moradores privados de sua liberdade. Na semana em que completou seu 55º aniversário de fundação, a Cidade de Deus vê suas ruas serem fechadas mais uma vez por tiroteios. Segundo o levantamento da plataforma Onde tem Tiroteio (OTT), o bairro foi o terceiro a apresentar o maior número de troca de tiros em fevereiro, com 13 ocorrências, abaixo apenas da Praça Seca, também na Zona Oeste, e da Tijuca, na Zona Norte.
Nesse cenário, quem reside no local só pensa em pedir um presente: "O presente que eu acredito ser a vontade de todo morador da CDD é o fim dessa guerra. Que as autoridades mudem sua política de enfrentamento, onde as vítimas em sua maioria são aqueles que em nada tem a ver com o crime", comenta a artista plástica e ativista social, Rosalina Brito, de 62 anos, moradora da comunidade desde a criação da favela, em 1966.
"Desalojados de uma favela em Inhaúma por causa da grande enchente daquele ano, eu, com 7 anos, e minha família fomos trazidos para cá. Era tudo com ruas de terra. Nossa casa ainda nem tinha vaso, pia, essas coisas. Lembro que eles davam essas coisas num barracão que ficava no centro da cidade e meus pais é que iam colocando aos poucos", lembra.
Segundo a artista plástica, além do fim da violência causada pelos confrontos, a comunidade também clama por ações sociais e de educação que cheguem para ficar. "Coisas pontuais só resolvem por um tempo. A mudança tem que ser para as próximas gerações. Cadê a escola de ensino médio, que está aí sendo construída há quase dez anos", disse.