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Pai de criança morta baleada por PMs luta por justiça há 25 anos

José Luiz Faria da Silva fez manifestação na manhã desta quinta (15) na Avenida Brasil. O menino tinha dois anos e foi morto por policiais militares com um tiro na cabeça, o caso foi arquivado e ninguém foi punido

O pai da criança realizou uma manifestação nesta manhã, na Avenida Brasil, altura da passarela 26, em Realengo, na Zona Norte do Rio.
O pai da criança realizou uma manifestação nesta manhã, na Avenida Brasil, altura da passarela 26, em Realengo, na Zona Norte do Rio. -
Rio - Na manhã desta quinta-feira (15) são completados 25 anos da morte do menino Maicon, de dois anos, que foi atingido por um tiro na cabeça por policiais militares no momento em que ele brincava na porta de casa, em Acari, na Zona Norte do Rio. O caso não foi solucionado e o Ministério Público arquivou o processo em 2005. Desde então, o pai da criança tem lutado por justiça. Ele promoveu nesta manhã um protesto pedindo para que o poder público encontre e puna os responsáveis pela morte de seu filho.

Na época em que Maicon morreu, os policiais militares afirmaram que o garoto teria reagido a uma ação policial, e que por este motivo eles teriam atirado contra a criança de dois anos. Ninguém foi responsabilizado pela tragédia desde então.

O pai da criança realizou uma manifestação nesta manhã, na Avenida Brasil, altura da passarela 26, em Realengo, na Zona Norte do Rio. Durante o protesto, ele mostrou os relatórios da Corregedoria Geral da Polícia Militar e questionou a versão dada pelos policiais na época. Segundo José Luiz Faria da Silva, o Ministério Público é o principal responsável pelo caso nunca ter sido solucionado.

“O Ministério Público tem o poder de investigação, mas eles não fizeram nada até hoje. Então o que significa o MP? Se eles não fazem o trabalho deles? Eu acho que o maior responsável pelas mortes não apuradas é o Ministério Público.


Ele ainda lembrou que quando fez a denúncia na delegacia, o delegado responsável teria dito: “cuidado com o 9° Batalhão”. E lamentou: “eu tenho que ter cuidado com o tráfico. A nossa justiça não tem significado, em que o Ministério Público atuou? É inviável ele ter trocado tiros com 2 anos de idade. Temos que convir que o Maicon não trocou tiro”.

Em 2015, José Luiz Faria da Silva solicitou o desarquivamento da investigação, sem sucesso.

O Ministério Público disse em nota que o inquérito foi arquivado em 2005 por falta de provas e, após análise da Assessoria Criminal do órgão, foi constatado que não havia novas evidências para desarquivar o processo.

Ainda em nota, o MP afirmou que em 2019 o Tribunal de Justiça (TJ) arquivou o processo definitivamente.

Apesar do arquivamento definitivo, o pai da criança ainda acredita na possibilidade de que a justiça possa ser feita. “Eu voto, eu cumpro os meus deveres como cidadão brasileiro, então o que eu espero das autoridades é que assumam a responsabilidade no crime do Maicon. Tem que ter responsabilidade, se não tiver, então pra que que o MP existe? As delegacias existem? A Polícia Militar existe?”, disse.

A história do caso vai se transformar em um documentário
Um filme independente está sendo feito pela produtora de favelas “Outro lado produções” para contar a história da tragédia. O jornalista Renan Schuindt, responsável pela iniciativa, afirmou que o documentário vai ficar pronto em junho e será divulgado nas redes sociais.

“Estamos no processo de produção e gravação do filme para ser entregue em junho. Hoje vim acompanhar o José, pela questão dos 25 anos e também ouvimos o depoimento dos moradores”, disse.

O financiamento do documentário está sendo feito sem apoio financeiro de nenhuma organização pública, nem da iniciativa privada.