Mais Lidas

Veja a orientação de especialistas para renegociar as dívidas e evitar furadas

Com a piora da pandemia e a de crise financeira do país, o número de famílias endividadas continua alto e os bancos já estão se preparando para uma nova rodada de negociações. Saiba o que fazer para negociar sem piorar a situação

De acordo com a pesquisa nacional da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em fevereiro deste ano, 66,7% das famílias estavam endividadas no Brasil
De acordo com a pesquisa nacional da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em fevereiro deste ano, 66,7% das famílias estavam endividadas no Brasil -
Com o atraso na vacinação e a intensificação da pandemia no Brasil, o cenário econômico do país continua conturbado e, consequentemente, o número de endividados permanece alto. De acordo com a pesquisa nacional da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em fevereiro deste ano, 66,7% das famílias estavam endividadas no Brasil. Destas, 10,5% afirmaram que não terão condições de quitar essas dívidas. Entre os principais tipos de dívidas, 80% são por meio do cartão de crédito, 16,5% correspondem a carnês e 9,4% a financiamento de carro.
"Basicamente, o crescimento das famílias endividadas com ganhos acima de dez salários mínimos têm sido maior do que o das famílias que ganham abaixo dessa renda. Isso, porque com o atraso da vacinação e a complicação, que vem gerando um aumento da pandemia em grandes centros, essas famílias com ganhos mais altos muitas vezes não estão aptas a receberem os recursos emergenciais do governo e muitos também são acometidos pelo desemprego", comentou Filipe Pires, coordenador do MBA de finanças do Ibmec RJ.
Para o economista e diretor da Warren Educação, Tiago Kaplan, o atual cenário de endividamento é comum de uma crise.
"As dívidas estão aumentando bastante porque a renda da maior parte da população diminuiu. Isso faz com que as famílias que já estavam endividadas acabem piorando essa situação e não tendo de onde tirar renda para pagar esses débitos. Famílias que não estavam enroladas também acabaram contraindo dívidas, isso é comum em um cenário de crise e, com mais de um ano de pandemia, não tem como ser diferente".
Embora o consenso do setor financeiro seja de que a crise atual será menos profunda do que em 2020, os principais bancos já se preparam para uma nova rodada de medidas de apoio. Confira a orientação de especialistas para obter sucesso na renegociação das despesas:
Como negociar sem cair em furadas?
"As dicas principais para quem está endividado ou precisa contrair essa dívida, no caso de empréstimos, é que pesquise bastante. Bancos, fintechs e por último os crediários, depois disso, ainda, o cartão de crédito, que não é a melhor forma de se endividar. Então, o brasileiro para conseguir um bom acordo de negociação tem que bater na porta de todos, apresentar as condições e estudar bastante cada uma das propostas. De preferência, sempre pensar se vai caber no orçamento a longo prazo, com parcelas pequenas que não tenham taxas de juros muito altas", orientou Kaplan.
Para o especialista, o processo deve ser encarado como a compra de uma geladeira, você vai em várias lojas, vê os melhores preços e acaba escolhendo o melhor para o seu bolso.
Já o economista Filipe Pires, acredita que o primeiro passo é preparar o psicológico.
"Geralmente o problema, muitas vezes, é 'não quero olhar pra isso e me ver nessa situação'. Ultrapassar essa barreira é essencial para assumir que está endividado e ir em busca de uma solução. Com isso, a alternativa é somar as dívidas atuais da família e procurar no CPF dos integrantes a possibilidade de captar um valor para quitar as dívidas, mas com menor custo. Por exemplo, buscar no empréstimo consignado a solução para pagar o cartão de crédito, assim, você vai trocar uma dívida de 300% ao ano para uma dívida de 25% à 30%".
Escolher as instituições credenciadas pelo Banco Central para sanar essas dívidas também é indispensável.
"De nada adianta pegar dinheiro com terceiros, aonde não há legalidade e existem outros riscos, além do da inadimplência. Busque o custo mais barato e adeque a parcela a um determinado teto que você tenha certeza que pode pagar todo mês. Não adianta você contrair uma dívida para pagar o cartão de crédito, por exemplo, e no mês seguinte aquilo se tornar uma bola de neve porque você não vai conseguir pagar", finalizou.
Condições de negociação dos bancos
Santander
Clientes e não-clientes do Santander Brasil passaram a contar com prazos de cinco a seis anos de pagamento para quitarem seus empréstimos com o banco. A iniciativa se estende também a não-clientes da instituição financeira, que terão acesso à essa condição em empréstimos realizados por meio da Sim, a fintech de empréstimo pessoal do Santander, na tomada de recursos com garantia de veículos. Outro benefício é a carência de 59 dias para o pagamento da primeira parcela do financiamento. As taxas são a partir de 0,78% ao mês.
O Banco também está apoiando os negativados para reorganizarem suas finanças com liberação de novos créditos em até três meses, descontos de até 90% nas dívidas e prazo para quitação de seis anos. Todas as informações das linhas de crédito e contratação estão disponíveis no site www.santander.com.br/emprestimos.
Itaú
O Itaú Unibanco tem apoiado seus clientes, concedendo empréstimos e renegociando dívidas de forma a adequar o fluxo de pagamentos às respectivas capacidades financeiras. Neste momento, o banco está trabalhando com condições especiais de renegociação com taxa mínima de 0,99% ao mês nos canais digitais, prazos longos e carências para pagamentos adequados ao cenário atual.
Os interessados em renegociar dívidas junto ao Itaú podem usar o aplicativo do banco ou acessar a nova plataforma online https://renegociefacil.itau.com.br que permite acesso às pendências e renegociações disponíveis, mesmo em casos de esquecimento da senha eletrônica ou conta inativa.
Outra opção é o canal de atendimento pelo WhatsApp exclusivo para clientes que desejam renegociar dívidas e antecipar parcelas de empréstimos, em atraso ou não, por meio do número (11) 4004-1144 (conta comercial verificada). O atendimento por este novo canal ocorre diariamente das 7h às 20h, via assistente virtual – que solicita o CPF, reconhece o cliente e faz a validação de token via SMS.
Banco do Brasil
Desde agosto de 2020, os clientes do Banco do Brasil podem renegociar dívidas de forma totalmente digital, por meio de um assistente virtual na API do WhatsApp Business. A solução faz uso de inteligência artificial e está disponível para os clientes que possuem operações com saldo devedor de até R$ 1 milhão.Para utilizar a funcionalidade, basta que o cliente acesse o WhatsApp do BB, pelo número (61) 4004-0001, converse com o assistente virtual sobre renegociação de dívidas, ou envie a palavra #renegocie.
Em seguida, o assistente virtual identifica quais ofertas de renegociação estão disponíveis para esse cliente e, ao escolher uma delas, o cliente já fecha o negócio e recebe o boleto no próprio WhatsApp. Durante o processo, há a opção de pedir para conversar com um atendente. A ferramenta permite ainda cancelar acordo realizado, emitir segunda via de boleto de renegociação e liquidar acordos de forma antecipada.
Bradesco
O Bradesco informou que, desde a primeira onda da pandemia, sempre manteve as suas portas abertas para apoiar os clientes na reorganização de suas dívidas, e nesse momento continua dando condições para que eles possam solicitar as suas prorrogações e obterem prazos mais adequados de pagamento. Como exemplo, hoje o cliente com uma operação de crédito pessoal, capital de giro ou financiamento de veículo, pode prorrogar em até quatro meses o valor da próxima parcela, mesmo já tendo prorrogado em outro momento, proporcionando um alívio nos compromissos financeiros.

Na esteira da aceleração digital provocada pela pandemia, o Banco afirma que inovou nas jornadas digitais dos clientes, diversificando os canais de contratação e tornando-os mais intuitivos para que o próprio cliente possa reorganizar seus compromissos.