Rio - Assim como no ano passado, devotos de São Jorge que moram em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, terão dificuldades para acessar a capela do Santo Guerreiro que fica no bairro Lindo Parque, nas comemorações deste ano. Engana-se quem pensa que o problema esteja relacionado à pandemia, já que a programação para esta sexta-feira (23) segue mantida, é claro que respeitando as ordens das autoridades de saúde. Os obstáculos são as barricadas instaladas por traficantes que controlam a venda de drogas no bairro.
Segundo moradores do bairro, dezenas de ruas estão bloqueadas e as pessoas são impedidas de passar com carros.
"Eles fazem isso porque querem impedir a entrada da polícia aqui nessa área. Mas esquecem que as pessoas precisam ter o direito de ir e vir. Isso é um desrespeito total. Ainda mais pra quem precisa exercer a fé", reclama uma mulher que mora no bairro há mais de 30 anos.
O acesso à capela de São Jorge é feito pelas ruas Gurupá, Quitéria de Jesus e Alexandre Brunete, mas todas estão bloqueadas com barricadas. Quem quer exercer a fé precisa fazer o trajeto a pé.
"É a triste realidade de quem vive em São Gonçalo. O crime, que nunca foi organizado, dominou tudo. Tem mais bandidos dos que pessoas de bem, essa é a verdade. Vivemos sob o que eles decidem. Não podemos reclamar, pois sofremos repressão depois", completa a moradora.
O DIA tentou contato com a direção da Capela de São Jorge, mas até a publicação da matéria não houve retorno. Procurada, a PM informou que a corporação realiza ações para a retirada de obstáculos nas vias urbanas de maneira sistemática e frequente.
"Tais mobilizações são planejadas visando a manutenção da segurança da população e dos agentes envolvidos, e executadas com base em protocolos técnicos com foco central na preservação de vidas, seguindo rigidamente os preceitos legais. A população pode colaborar realizando denúncias através do Disque-Denúncia 2253-1177 ou, para casos urgentes, através de nossa Central 190. Os registros em delegacias da Polícia Civil também são essenciais, pois colaboram com a revisão do planejamento operacional na área onde a mancha criminal é mais acentuada", diz a nota.