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Mãe sobre doação de órgãos do menino Kaio: 'Talvez seja o propósito: levar meu filho para salvar outras vidas'

Criança de oito anos morreu após ser atingida na cabeça por bala perdida. Polícia suspeita de que criminosos dispararam para o alto

A mãe do menino Kaio, Thais da Silva, compareceu nesta manhã ao Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo do filho, morto no último sábado (24) vítima de bala perdida
A mãe do menino Kaio, Thais da Silva, compareceu nesta manhã ao Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo do filho, morto no último sábado (24) vítima de bala perdida -
Rio - O amor incondicional foi o que prevaleceu no coração de Thais da Silva, mesmo após a pior notícia de sua vida. Seu filho, Kaio Guilherme da Silva Baraúna, de oito anos, morreu no último sábado (24) após ser atingido por uma bala perdida na cabeça. Thais decidiu doar os órgãos do pequeno. "Uma maneira de a gente sentir nosso filho vivo nos cantinhos", afirma. A família esteve na manhã desta segunda-feira (26) no Instituto Médico Legal de Campo Grande para reconhecer o corpo. O enterro deve acontecer nesta terça-feira.

Kaio Guilherme foi baleado enquanto participava de uma atividade num centro de reforço escolar na Vila Aliança, comunidade onde morava com a família. O menino aguardava na fila para fazer uma pintura artística quando a mãe, que é professora na unidade, o viu caído no chão.

Ele ficou uma semana internado em estado grave no CTI do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, e teve morte cerebral confirmada no sábado.

"Desde o momento que a médica me deu a primeira resposta de que poderia ter ocorrido a morte encefálica, eu via o coração dele batendo e passava pela minha cabeça que, se o pior acontecesse, eu faria esse ato (de doar os órgãos). É uma maneira de a gente sentir nosso filho vivo nos cantinhos", comentou. Thais afirmou que foram doados córneas, rins e coração.

"Pensei que aquele fosse o propósito de Deus: levar meu filho para deixar outras vidas", disse Thais, que apesar de demonstrar força, não esconde a dor da perda.

"Eu não sei nem explicar. É muita dor. Deus tem me confortado muito. Aos poucos a gente vai tentando compreender o que deus queria. Estou tentando colocar isso no coração. Talvez se meu filho tivesse sobrevivido não seria a criança que era. Talvez não conseguisse jogar mais o futebol dele", disse Thais.

O delegado Luís Maurício Armond, titular da 34ª DP (Bangu), informou que já intimou o suspeito. A delegacia acredita que o disparo tenha sido efetuado na Vila Kennedy, comunidade vizinha da Vila Aliança.

"Nós temos uma linha de investigação de que o tiro tenha sido disparado na Vila Kennedy. Existe uma linha apontando um traficante, que teria realizado três disparos sob o efeito de drogas. Nós já o intimamos e vamos verificar esses fatos, mas precisamos nos aprofundar um pouco mais", explicou o delegado.