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Chuva que derrubou parte do teto de laboratório atrasa laudo toxicológico de Henry

Exame, no entanto, não é necessário para a conclusão do inquérito. Teto do ICCE caiu e reforma está lenta por falta de pessoal gabaritado; ontem, concurso foi anunciado

Henry Borel
Henry Borel -
Rio - No feriado de Tiradentes, na semana passada, uma forte chuva atingiu a cidade do Rio e foi o estopim para uma infiltração que fez cair parte do teto do laboratório de Toxicologia, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).
Por sorte, os equipamentos não foram atingidos e ninguém se feriu. Mas, desde então, os exames que ali estavam sendo processados estão paralisados. É o caso do laudo que pode constatar se havia algum tipo de droga no sangue de Henry Borel, morto no dia 8 de março, na Barra da Tijuca.
O laudo, no entanto, não é essencial para a conclusão do inquérito, que já possui provas robustas da autoria do crime, segundo a Polícia Civil. O resultado do exame para saber se Henry estava ou não dopado quando sofreu as 23 lesões, que é feito nesse laboratório, poderá ser enviado ao Ministério Público, posteriormente. A previsão é que o inquérito seja concluído até o fim da semana.
A suspeita do uso de algum remédio foi corroborada após uma testemunha afirmar à polícia que Monique Medeiros, mãe de Henry, ministrava, diariamente, três vezes ansiolíticos ao filho, além de um xarope de maracujá, para a criança dormir. A reportagem apurou com agentes que, para o exame toxicológico ser feito, é necessária a instalação de um ar-condicionado central no laboratório. Para isso, não há falta de dinheiro e, sim, mão de obra qualificada para agilizar o processo de compra do equipamento.
Concurso: anúncio de 400 vagas
O déficit de pessoal gabaritado é resultado de anos sem renovação nos quadros da polícia. Ontem, finalmente, a corporação passou a vislumbrar uma luz no fim do túnel: um novo concurso foi autorizado, com 400 vagas, de acordo publicação no Diário Oficial do Estado. A realização do concurso já havia sido antecipada ao O DIA pelo governador em exercício, Cláudio Castro, que apoia a sua sua realização. Há vagas para nível médio e superior. 
Sem concurso, não haveria peritos em oito anos
Segundo promotores, desde 2001 a lei estabeleceu 500 vagas para o cargo de peritos legistas da Polícia Civil. Quase 20 anos depois, apenas 200 peritos legistas são responsáveis pelos exames em todo o estado. "Os concursos são escassos e, agora, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, fica ainda mais difícil de se conseguir completar este quadro, que está completamente defasado", disse um especialista, que preferiu não se identificar.
Ainda de acordo com previsão de estudos internos da própria Polícia Civil, repassados ao Ministério Público, a estimativa é que, sem um novo concurso, dentro de 8 anos não haveria mais peritos legistas na Secretaria de Polícia Civil. Para os que estão na corporação, a preocupação é pelo legado: "sem renovação nos quadros, não temos como passar conhecimento acumulado", disse um perito.