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Idosa tem alta após ficar 145 dias internada por complicações da covid

Sandra Lúcia passou três meses e meio dependendo de ventilação mecânica; filho ia ao hospital todos os dias para rezar pela mãe

Sandra Lúcia Boente teve alta nesta quarta-feira após ficar 145 dias internada por complicações da covid-19
Sandra Lúcia Boente teve alta nesta quarta-feira após ficar 145 dias internada por complicações da covid-19 -
Rio - Sandra Lúcia Boente, pensionista de 68 anos, tem motivos de sobra para comemorar nesta quarta-feira. A idosa, que teve covid-19 e ficou internada por 145 dias, ou seja: quase cinco meses, teve alta hoje do Hospital Unimed, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, onde estava se tratando da doença desde o dia 4 de dezembro de 2020. Sandra ficou 20 dias intubada e passou três meses e meio dependendo de ventilação mecânica.
O comerciante Aleksandro Gomes, um dos filhos de dona Sandra, disse ao DIA, que um mês antes da mãe ficar doente, também contraiu o vírus. "Eu notei o que o vírus tinha feito comigo, que sou bem mais novo que ela e com menos problemas de saúde. Embora eu não tenha sido hospitalizado, senti que a doença não era brincadeira", conta.
O filho diz ainda que após o exame da mãe ter dado positivo, a levou para o hospital com a saturação baixa. "Logo que ela passou pela triagem, já ficou internada. Na madrugada do dia 6 de dezembro para o dia 7, ela foi intubada porque estava tendo dificuldade para respirar. Aí começou todo o pesadelo. Minha mãe terminou o tempo de intubação, que são 21 dias, e fez traqueostomia. Ela não conseguia se desligar do respirador".
O comerciante relatou à reportagem também que ia todos os dias na unidade de saúde onde a mãe estava internada para rezar.
"Ela ficou no CTI covid durante 34 dias. Eu ia lá sempre, toda hora. Teve dias até que eu ia mais de uma vez. Eu rezava de joelhos embaixo da janela dela. Quando eu reencontrei minha mãe, ela ainda estava desacorda. Eu falei para mim mesmo: "Meu Deus, olha do que que esse vírus é capaz". Eu não tive reação. Parecia que uma carreta tinha passado por cima da minha mãe".
Aleksandro continua dizendo que foi embora e no dia seguinte visitou dona Sandra novamente e percebeu que ela o respondia de uma forma muito singela, mexendo apenas os olhos. 
"Depois disso eu falei com meu irmão que a gente não ia para o hospital mais para visitá-la e sim para participar do processo dela de reabilitação. Como se fossemos fisioterapeutas e médicos, para fazer de tudo para ajudá-la, porque a caminhada ia ser longa. E assim foi feito. Nos unimos e fomos em busca da recuperação dela. Aumentamos nosso horário de visita de 2h para 6h no CTI e depois aumentamos para 12h. Nós também botamos pessoas lá para ajudar a gente".
O filho cita também o processo de recuperação da mãe, que durante a internação teve embolia pulmonar, miopatia crítica dos membros, onde não conseguia se mexer, além de inúmeras infecções hospitalares. 
"Minha mãe foi acompanhada por um médico que fez de tudo. Ele traçou um plano de alta para ela e falou que queria vê-la fora do hospital. Nisso, ela foi se "desgarrando" das sondas, da traqueostomia, reaprendeu a falar de novo e a comer. E aí finalmente tivemos a notícia de que ela teria alta. Em casa ela vai fazer fisioterapia ainda para se recuperar. Mas 145 dias depois, a minha mãe, Sandra Lúcia Boente Gomes da Costa, que passou a ser chamada dentro do hospital de "Sandra Guerreira", está voltando para sua casa e venceu a covid. Obrigado, meu Deus", finaliza Aleksandro emocionado.