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Jovem não resiste à covid-19 e morre no dia em que se casaria

Mesmo tendo somente 30 anos e nenhuma comorbidade, Bruno Silva não venceu a doença e deixou a noiva e dois filhos, de sete e quatro anos

O dia que seria de celebração, virou dia de luto
O dia que seria de celebração, virou dia de luto -
Rio - Mais uma vítima da covid-19, o jovem Bruno silva, de 30 anos, morreu no dia 17 de abril, data em que se casaria com a namorada Beatriz Miranda, após 11 anos de relacionamento. Apesar de toda a família ter contraído a doença, mesmo não tendo nenhuma comorbidade, somente Bruno evoluiu para um quadro grave. Ele chegou a ser internado e intubado, mas com 85% do pulmão comprometido, não resistiu. O rapaz deixa a esposa, os pais e dois filhos, de sete e quatro anos. 
"A festa estava toda pronta, vestido já tinha mandado fazer, festa paga, buffet, estávamos planejando havia um ano. Alguns dias antes, cerca de 15 dias, chegamos em um acordo e decidimos adiar. Mas, como eu comecei a ter sintomas e tudo, aí a gente tirou o foco de conseguir uma nova data", contou a noiva, em entrevista ao G1. 
Depois de Beatriz ter testado positivo para o coronavírus, Bruno adotou ao home office e passou a ficar isolado com a família. No dia 27 de março, o jovem começou a apresentar sintomas mais graves da doença e três dias depois procurou ajuda em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em São Paulo. Já no dia 31, ele foi transferido para o Hospital Regional de Assis, onde fez uma tomografia que constatou 50% de comprometimento nos pulmões. Bruno chegou a ficar internado na clínica por dez dias, mas precisou ser transferido para a UTI e intubado, com 85% dos pulmões comprometidos.
Segundo os pais do rapaz, tarefas simples como falar ou movimentar os braços se tornaram complicadas para o rapaz. Em uma das conversas com o filho, Ivani Aparecida relatou que leu a palavra "medo" em seus lábios. 
"Eu falava para ele: 'você não precisa ficar falando'. Na primeira vez que falamos com ele, ele já não conseguia falar, estava fraco e o pai dele até chorou de preocupado. Eu só mandava vídeos bons para ele e pedia para ele não responder e ele ficava respondendo por emoticon. Ele queria casar, dizia que queria casar. O Bruno falava, mas não saía a voz, a gente lia nos lábios dele a palavra 'medo'. Ele tinha muito medo e já não conseguia mais falar", contou o pai, que não continha a emoção durante as conversas com o filho. 
Depois de passar por uma perdão tão grande, em uma data que seria de celebração, Beatriz contou que levou dias para conseguir dar a notícia para os filhos do casal. "Eu fui atrás de ajuda psicológica. Eu tento manter o Bruno sempre presente, dizendo que o papai está aqui. Eles já estavam conformados com a bisa ter ido para o céu, ter 'virado estrelinha' e eu não conseguia dar a notícia. Só depois de quatro dias eu consegui conversar e dizer que o papai 'virou estrelinha' e que ele estava aqui com a gente", desabafou. 
 
 
O dia que seria de celebração, virou dia de luto Arquivo Pessoal/Beatriz Miranda
A data que seria de celebração, virou motivo de luto Arquivo Pessoal/Beatriz Miranda