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CPI da Covid: Irmã de Marielle rebate fala de Witzel: 'Quer usar o nome da minha irmã de escudo'

Ex-Governador do Rio disse que teria sido vítima de "perseguição política" e que o processo de impeachment começou após investigações do caso Marielle Franco

Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco
Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco -
Rio - Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco, usou as redes sociais para contestar a fala de Wilson Witzel sobre as investigações do crime na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 nesta quarta-feira. Durante seu depoimento, o ex-governador do Rio disse que teria sido vítima de "perseguição política" e que o processo de impeachment começou após investigações do caso Marielle. A parlamentar foi assassinada em março de 2018.
"Tudo isso começou porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foram inexoráveis", afirmou Witzel.
Nas redes sociais, Anielle não poupou críticas e apontou que Witzel foi eleito após uma campanha em que os deputados Daniel Silveira e Rodrigo Amorim quebraram uma placa em homenagem à vereadora: "Na hora de apoiar a quebra da placa não colocou a culpa na minha irmã... Subiu, fez charminho, riu e achou lindo! Agora quer usar o nome dela de escudo? Assuma seus atos Wilson Witzel. Eu hein! Nos poupe de passar ainda mais raiva nesse país".
'Corro risco de vida'
Após apontar sobre o caso de Marielle, Witzel falou sobre o risco de vida que corre com os milicianos ligados à saúde. "Corro risco de vida, por causa da máfia da saúde no Rio de Janeiro e quem está envolvido por trás dela. Tenho certeza que tem miliciano envolvido por trás disso. Inclusive, manifestei minha vontade de vida de deixar o país para manter minha integridade física, minha e da minha família", disse.
Ele contou ainda sobre um episódio com ex-ministro da Justiça Sergio Moro no qual o ex-juiz federal teria passado um "recado" de Bolsonaro a Witzel. Segundo o relato do ex-governador, Moro disse a ele para "parar de falar que quer ser presidente", a pedido de Bolsonaro, a quem Moro chamava de "chefe". "Acho que papel de menino de recado não se espera de você que, como eu, é magistrado de carreira", afirmou Witzel sobre o que teria dito ao ex-ministro. Segundo o governador cassado, Moro relatou a ele que a reunião entre os dois não poderia se tornar pública.
"Há indícios de intervenção no Rio no caso Marielle e atos de perseguição contra mim", disse o Witzel, a quem Bolsonaro o chamou de "estrume, ditador e leviano".
O impeachment
O processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel foi votado no dia 30 de abril e todos os votos do Tribunal Especial Misto (TEM) foram a favor da cassação do mandato de Witzel. Formado com cinco deputados e cinco desembargadores, o júri considerou que o ex-governador culpado por crime de responsabilidade em contratos da Secretaria de Estado de Saúde durante o período de pandemia.
As denúncias contra ele seguem dois pontos principais. O primeiro se referem à requalificação da OS Unir, por decisão de Witzel, em 23 de março de 2020, após a organização social ter sido impedida de contratar com a administração pública e ter tido contratos rescindidos para a gestão de unidades de saúde no Rio, por irregularidades no contratos, em setembro de 2019.
Outro aspecto da denúncia se refere à contratação da OS Iabas por mais de R$ 800 milhões para construir e administrar os hospitais de campanha do Rio, sem que empresa tivesse condições de realizar o serviço. A denúncia apontou, ainda, que as organizações sociais Unir Saúde e Iabas pertencem ao empresário Mário Peixoto.