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Inflação no Brasil deve fechar 2021 maior do que em 83% dos países, diz FGV

Para o o coordenador do IPC do FGV IBRE, André Braz, a principal diferença entre a inflação brasileira e a de outros países está na desvalorização do real

Inflação no Brasil deve fechar 2021 maior do que em 83% dos países
Inflação no Brasil deve fechar 2021 maior do que em 83% dos países -
Rio - A inflação no Brasil deve fechar 2021 maior do que em 83% dos países, conforme mostrou um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O instituto realizou a pesquisa com base em dados compilados do último relatório "World Economic Outlook", feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e divulgado na semana passada.
Na avaliação do coordenador do IPC do FGV IBRE, André Braz, a principal diferença entre a inflação brasileira e a de outros países está na desvalorização do real. "Os outros países pagam mais caro, neste momento, por alguns alimentos importantes ou mesmo pelos combustíveis, mas o Brasil paga caro e ainda teve a sua moeda muito desvalorizada. Então, uma parte desse diferencial de inflação que o Brasil vive, em comparação a outros países, pode ser explicada pelo câmbio", esclareceu. 
O estudo revelou que, em outubro de 2020, de acordo com as projeções do FMI, 57% (108 países, em 191) dos países teriam uma inflação neste ano menor do que a taxa brasileira. Já em abril deste ano, o percentual subiu para 70% (134 países, em 192). No entanto, em outubro, quando aconteceu a última reunião do Fundo, as projeções indicaram que 83% (159 países, em 191) dos países devem apresentar uma taxa de inflação neste ano menor do que o índice brasileiro. 
A projeção para a inflação brasileira em 2021 do FMI está menor do que as expectativas de mercado, segundo o boletim Focus, do Banco Central (BC), (7,9% e 8,7%, respectivamente). O estudo apontou que, de acordo com a projeção da Focus para a inflação brasileira e do FMI para os demais países, 86% (165 países, em 191) das nações devem mostrar uma inflação neste ano menor do que a taxa brasileira.
Há um ano, o FMI projetava que a inflação no mundo em 2021 seria de 3,3%. Já agora, as projeções são de 4,8%. Nas economias emergentes, a projeção aumentou de 4,6% para 5,8%. Na América Latina, a projeção passou de 6,8% para 9,7% em um ano. 
Já para o Brasil, segundo as projeções do FMI, a taxa de inflação cresceu de 2,9% em outubro de 2020 para 7,9% em outubro deste ano. De acordo com as expectativas de mercado (Focus), as projeções de inflação para este ano aumentaram de 3,0% para 8,7% em um ano. Ou seja, as projeções para a inflação 2021 subiram no mundo em um ano (out/20 – out/21), mas o aumento no Brasil foi maior.
Energia elétrica e combustíveis são vetores
Segundo o economista da FGV, em 2021, a energia elétrica e os combustíveis têm sido os vetores para a alta de preços, respondendo por quase 50% da inflação brasileira acumulada em 12 meses. "Então, se considerarmos o índice oficial, o IPCA do IBGE, que acumula alta de 10,25% em 12 meses até setembro, entendemos que aproximadamente 50% foi devido ao aumento da energia elétrica, por força da prática das bandeiras tarifárias, e por conta da gasolina e do diesel, aumentos do preço do barril do petróleo", indicou Braz. 
"Para o próximo ano, como a bandeira tarifária que incide na energia elétrica é transitória, a ideia é que a bandeira de escassez hídrica se mantenha até abril de 2022, segundo informação da Aneel. A partir de maio do ano que vem, podemos ter bandeiras tarifárias menos onerosas e, a depender do volume de chuvas, até a ausência de cobrança adicional. Então, nesse caso, haveria espaço para a gente ter, por conta da energia, uma desaceleração importante na inflação já dentro do primeiro semestre", opinou Braz.