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Acusação cogita pedir aumento de pena para filho de Flordelis

Advogado que representa família do pastor Anderson do Carmo, assassinado em 2019, acredita que crueldade e planejamento podem incidir para aumento de pena de Flávio dos Santos Rodrigues

Presos há mais de um ano, Lucas e Flávio participaram da audiência com cabeças raspadas
Presos há mais de um ano, Lucas e Flávio participaram da audiência com cabeças raspadas -
Rio - O advogado Ângelo Máximo, assistente de acusação no processo do assassinato do pastor Anderson do Carmo, afirmou, nesta quarta-feira, que estuda entrar com recurso pedindo aumento de pena para Flávio dos Santos Rodrigues. Filho biológico da ex-deputada federal Flordelis, Flávio foi condenado a 33 anos de prisão, nesta manhã, em sessão no Fórum de Niterói. Na ocasião, Lucas Cézar dos Santos de Souza, filho adotivo de Flordelis, foi condenado a sete e meio de prisão. O pastor Anderson do Carmo foi morto em 16 de junho de 2019. Flordelis está presa, acusada de ser a mandante do crime.
"Vou analisar melhor a sentença para avaliar a possibilidade de eventual recurso buscando a majoração da pena do Flávio. Mas adianto que, a meu ver, a pena do Flávio poderia ter sido maior, tendo em vista toda a dinâmica do crime: a crueldade, a motivação torpe, sem chances de defesa para a vítima, e todo o planejamento que envolve o assassinato do pastor Anderson do Carmo", diz Máximo, acrescentando que deve se manifestar formalmente no processo na próxima segunda-feira: 
"Acredito que a pena poderia chegar a 40 anos de prisão".
Ângelo Máximo se disse surpreso com o fato de Flávio ter usado o direito de permanecer em silêncio durante o julgamento, que teve duração total de 15 horas, e terminou às 5h30 desta quarta-feira. A sessão teve início às 14h de terça-feira: 
"Eu recebi o silêncio dele com surpresa, porque, no momento em que ele solicita a Defensoria Pública e rompe com os advogados patrocinados pela mãe, eu acreditava que ele fosse falar, desvendar, derrubar, retirar toda essa máscara da mãe, que é a mandante do crime". 
Segundo Máximo, a recusa de Flávio de prestar esclarecimentos demonstra o controle que Flordelis ainda exerce sobre a família: 
"No curso do processo, é relatado inúmeras vezes o domínio que Flordelis exercia sobre todos na casa. Todos têm medo dela. Então, eu acredito que ele ainda esteja sob esse controle da mãe, mesmo estando preso, passível de uma pena gravíssima como essa que ele recebeu. Ele poderia ter colaborado, buscando uma diminuição de pena, e não o fez. Todos têm medo de Flordelis".
Flávio e Lucas devem cumprir pena em regime fechado, inicialmente. Flávio foi condenado pelos crimes de  homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada. Ele foi denunciado como o autor dos tiros que mataram Anderson do Carmo.
Já Lucas foi acusado de ter sido o responsável pela compra da arma utilizada no assassinato de Anderson do Carmo. Ele foi condenado pelo crime de homicídio triplamente qualificado. 
"Entendo que a pena foi aplicável, já que ele vem colaborando com as investigações desde o início, inclusive na sessão de julgamento. Nada mais justo que tivesse a pena reduzida", avalia Máximo.
Já a defensora pública Renata Tavares informou que irá recorrer da decisão que estabeleceu a pena de Flávio. O defensor de Lucas, por sua vez, avalia que a sentença foi satisfatória e não irá recorrer da decisão da Justiça.
Julgamento de Flordelis
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), não prazo definido para que as defesas de Flávio e Lucas entrem com recurso questionando a sentença. Ainda segundo o TJ-RJ, Flordelis e outros oito acusados aguardam a data para o julgamento pelo assassinato do pastor Anderson. Todos estão presos. 
Denunciada como mandante do crime, Flordelis responde pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.  
Marzy Teixeira da Silva, Simone dos Santos Rodrigues, André Luiz de Oliveira, o "bigode", e Carlos Ubiraci Francisco da Silva, o "neném", são réus no processo pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada.
Já Adriano dos Santos Rodrigues, Andrea Santos Maia e Marcos Siqueira Costa, por uso de documento falso e associação criminosa armada. E Rayane dos Santos Oliveira pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.