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Advogada de réu da Kiss usa carta psicografada de vítima para pedir absolvição

Músico Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, segurava o artefato pirotécnico que provocou o incêndio na boate

Por O Dia

Publicado em 10/12/2021 11:05:55 Atualizado em 10/12/2021 11:05:55
Advogada mostrou um trecho de uma suposta gravação de uma carta psicografada, que está inserido em um livro que reúne mensagens de sete jovens mortos no incêndio
No nono dia do julgamento do incêndio na boate Kiss, que matou 242 pessoas e feriu 636 outras na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a advogada Tatiana Borsa, que defende o músico Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, exibiu para o júri um vídeo de uma suposta carta psicografada por uma das vítimas do incêndio. Na ocasião Marcelo segurava o artefato pirotécnico que provocou o incêndio na boate. 
A advogada mostrou um trecho de uma suposta gravação de uma carta psicografada por Guilherme Gonçalves. A mensagem está inserida em um livro que reúne mensagens de sete jovens mortos no incêndio, lançada por pais das vítimas, e foi incluída nos autos do processo.
O texto indica que os familiares das vítimas não se esqueçam que os "responsáveis também têm famílias e não tiveram qualquer intenção quanto à tragédia acontecida" e classifica o incêndio como uma "fatalidade", além de aconselhar a "aceitar as determinações divinas".
"Até hoje estão procurando uma justificativa para a tragédia de Santa Maria que me vitimou e diria que fez não só o Brasil chorar, como também muitos pais. Ao invés de concentrar tanto nosso pensamento procurando por culpados, os convido a orarmos junto por todas as vítimas e seus afetos enlutados", diz a suposta vítima na gravação.
Enquanto o vídeo foi reproduzido pela defesa do músico, familiares das vítimas do incêndio presentes no tribunal saíram do local incomodados com o recurso utilizado pela defesa do músico.
A advogada pediu a absolvição de seu cliente, assim como a defesa de Mauro Hoffmann, sócio-proprietário da Kiss, e Luciano Bonilha Leão, assistente de palco da banda. A advogada do músico Marcelo argumentou que ele confiava no assistente da banda, responsável por cuidar da pirotecnia, e que seu cliente nunca teve intenção de matar outras pessoas. 
Já os advogados de Elissandro Spohr, também sócio da boate, solicitaram a desclassificação do dolo eventual, quando o agente assume o risco do delito, para que o juiz defina crime e pena, e não jurados.
A Promotoria defende a condenação dos quatro réus e sustenta o uso do artefato em espaço fechado e a lotação da casa noturna compreendem como crimes de homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual. O resultado com as sentenças dos réus está previsto para sair nesta sexta-feira.