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Presidente da SuperVia diz que valor da passagem de trem não deve ultrapassar os R$ 6

Além disso, os próximos reajustes devem ser atrelados os IPCA ao invés do IGP-M, o que baratearia o preço da tarifa

Por O Dia

Publicado em 21/03/2022 16:22:00 Atualizado em 21/03/2022 19:00:58
Antônio Carlos Sanches, diretor-presidente da SuperVia, foi ouvido nesta segunda-feira (21)
Rio - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), recebeu o diretor-presidente da Supervia Antônio Carlos Sanches nesta segunda-feira (21). Durante a discussão sobre o aumento das tarifas, ele afirmou que o preço não deve ultrapassar os R$ 6. Inicialmente, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos do Estado (Agetransp) autorizou a cobrança de R$ 7. Durante a CPI, também foi informado que os próximos reajustes devem ser atrelados ao IPCA, índice de inflação calculado pelo IBGE.
"Temos mais algumas semanas, ainda estamos em discussão. A tarifa deve ficar abaixo dos R$ 6. Não temos esse número fechado, porque ainda está em discussão pela equipe técnica. Estamos abertos a revisão e mudança do IGP-M. O que a concessionária busca é a compensação pelas perdas dessa diferença tarifária por esse período. Um outro índice para o futuro? Sim. O IPCA durante um período, até que possa se estabelecer um outro índice setorial, porque nos custos da ferrovia, nós temos o impacto do dólar', disse Antônio Carlos Sanches.
A assessora-chefe do gabinete do governador, Priscila Sakalem, afirmou que os novos cálculos são necessários para não haver anualmente uma renegociação. Atualmente, o aumento se baseia no índice IGP-M, atrelado ao dólar, o que está previsto no contrato. Sendo assim, a variação determinada pelo IPCA baratearia o reajuste da passagem.
"Além de buscar a repactuação da própria tarifa, vamos tentar acabar com o problema na raiz. Seria, então, a repactuação do próprio índice. (...) Ainda não está fechado, mas o que temos na mesa de negociação, hoje, é o IPCA para esses reajustes próximos, até que cheguemos em um índice compatível com os custos do setor", informou Priscila.
Momentos antes, ela ressaltou que o reajuste das passagens não acompanhar o que havia sido autorizado pela Agetransp é resultado da negociação entre a concessionária e o Governo do Estado. "Estamos fazendo os cálculos nesse momento e nossa ideia é que essa tarifa não ultrapasse os R$ 6. Para que ela fique, de alguma forma, compatível com a realidade do povo."
Em nota, a concessionária também falou sobre as mudanças previstas. "A respeito do reajuste da tarifa dos trens, a SuperVia segue em negociação com o governo a respeito do novo valor, bem como sobre a possibilidade de mudança do indexador. A concessionária esclarece que tem interesse que a tarifa seja a menor possível para, assim, conseguir ampliar a captação de passageiros. E, ao mesmo tempo, a empresa entende que é importante manter o equilíbrio da concessão para que seja possível continuar operando o serviço de trens aos passageiros da Região Metropolitana".
A CPI dos Trens foi instaurada pela Alerj para investigar interrupções e atrasos no transporte. Outros temas abordados são a superlotação dos vagões, a acessebilidade e o valor da tarifa do serviço. A deputada estadual Lucinha (PSDB) foi eleita presidente da CPI, ao lado de Eliomar Coelho (Psol), como vice-presidente, e de Waldeck Carneiro (PT), como relator.
Negociação do preço das tarifas
Homologado em dezembro pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos do Estado (Agetransp), o novo valor de tarifa estava previsto para passar a valer em 2 de fevereiro, mas foi adiado para o dia 4 de março. Se ocorrer, o valor da passagem vai saltar de R$ 5 para R$ 7. A negociação é para que não ultrapasse os R$ 6.

A mudança na tarifa teve como base a inflação medida pelo índice IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas. O reajuste com base na métrica da FGV está previsto no contrato de concessão do serviço de transporte. O reajuste, contudo, não foi aprovado pelo governo.
Segundo a SuperVia, o valor de R$ 7 considera o que deveria ter sido cobrado nas passagens a partir de 2021, que compreendia o período de dezembro de 2020 e novembro de 2021. O índice à época foi de 17,89% o que elevaria a tarifa atual de R$ 5 para R$ 5,90. Como esse reajuste foi suspenso pela Agetransp, a concessionária vem cobrando o valor da tarifa de 2020.
A concessionária também argumenta que o aumento é necessário para equilibrar os custos operacionais, uma vez que o fluxo diário de passageiros teve uma queda de 600 mil para 180 mil, no auge da pandemia. Atualmente, os dados apontam 340 mil pessoas, ficando 110 mil abaixo dos 450mil usuários necessários por dia para o ajuste das contas.