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EUA: Fed eleva taxa de juros em 0,75 ponto, maior aumento em 28 anos

Diante da inflação recorde no país, em especial no preço dos combustíveis, governo americano tem tomado medidas controlar a alta

Corretores da Bolsa de Valores de Nova York acompanham com atenção as medidas do governo para 'domar' a inflação recorde no país
Corretores da Bolsa de Valores de Nova York acompanham com atenção as medidas do governo para 'domar' a inflação recorde no país -
Washington - O Federal Reserve (Fed), correspondente ao banco central americano, decidiu elevar a taxa dos Fed Funds em 75 pontos-base, para a faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano, em comunicado divulgada nesta quarta-feira, 15. É a maior elevação desde 1994. A decisão não foi unânime, pois a presidente da distrital de Kansas City, Esther George, votou por 50 pontos-base.

Até a semana passada, um aumento dessa magnitude era visto como pouco provável pelo mercado. Porém, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio mostrar taxa mensal de 1,0% e anual 8,6%, ambas acima do consenso de analistas, as apostas para uma elevação em 75 pontos-base ganharam fôlego.

Contudo, elas se tornaram majoritárias e quase unânimes na noite de anteontem, após repórteres do 'Wall Street Journal' e da 'CNBC' apontarem que dirigentes do Fed poderiam considerar uma elevação em maior intensidade para tentar reancorar as expectativas.

O Fed também decidiu elevar a taxa de juros paga sobre saldo de reserva para 1,65%, decisão que entra em vigor a partir de amanhã, e a taxa de desconto e 75 pontos-base, de 1,00% para 1,75%.

Aumentos futuros
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed antecipou que novos aumentos na taxas de juros serão apropriados.

"A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços", diz o comunicado. "A invasão da Ucrânia pela Rússia e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários", completou.

Diante desse cenário, o Fomc assegura que continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. "O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê", destacou.

A mediana das projeções do Fed para a inflação nos Estados Unidos medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) foi mista nos cenários estimados pela instituição, de acordo com as projeções atualizadas.

Para 2022, a mediana subiu de 4,3% em março para 5,2%, enquanto a de 2023 caiu de 2,7% em março para 2,6% agora. Em 2024, passou de 2,3% a 2,2%. Para a inflação no longo prazo, a estimativa foi mantida em 2,0%. Com relação ao núcleo da inflação nos EUA, para 2022, a mediana subiu de 4,1% em março para 4,3%, enquanto a de 2023 avançou de 2,6% em março para 2,7% agora. Em 2024, foi mantida em 2,3%.

Os dirigentes do Fed alteraram as projeções para o crescimento dos Estados Unidos nos próximos anos, na comparação com as estimativas divulgadas após a reunião de política monetária de março.

Para 2022, a mediana das estimativas de crescimento da economia americana caiu de 2,8% em março para 1,7% agora. Para 2023, a projeção foi de 2,2% a 1,7%. E para 2024, de 2,0% a 1,9%.