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'Mais um na estatística', desabafa primo de caminhoneiro morto com tiros de fuzil na Brasil

Familiares e amigos se despediram de Jean Lucas Benjamin de Oliveira em cerimônia realizada nesta quinta em Itaguaí; corpo foi levado de caminhão até o sepultamento

Por Pedro Medeiros

Publicado em 27/10/2022 12:32:00 Atualizado em 27/10/2022 14:26:12
Jean Lucas Benjamin, morto durante uma tentativa de assalto na Avenida Brasil
Rio - O corpo do caminhoneiro Jean Lucas Benjamin de Oliveira foi sepultado no final da manhã desta quinta-feira (27), no cemitério São Francisco Xavier, em Itaguaí, Região Metropolitana do Rio. Amigos caminhoneiros transportaram o caixão de Jean do local do velório, na Igreja Evangélica Sal e Luz, até o sepultamento. A vítima foi morta com tiros de fuzil após reagir a uma tentativa de assalto na última quarta-feira (26), na Avenida Brasil, altura de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Ele deixa esposa e dois filhos pequenos.
Primo de Jean, o comerciante Rodrigo Benjamin, 30, afirmou acreditar que essa morte será mais uma diante tantas outras que ocorrem na cidade.
"Sinceramente, não acredito que justiça será feita. O Jean será mais um na estatística. É inacreditável uma pessoa morrer com vários tiros de fuzil em plena Avenida Brasil. E agora? Quem vai contar para os filhos dele que o papai não vai mais voltar?!", questionou.
Rodrigo contou que Jean costumava lidar com fretes e trabalhava por conta própria. A vítima completaria 32 anos no próximo domingo (30). A mulher de Jean, Gleyce Moura, passou mal e foi para o hospital depois de saber da morte. Os pais dele também se sentiram mal após a notícia e precisaram de ajuda médica.
"Tiraram umas das coisas mais valiosas da minha vida, uma perda irreparável", afirmou o amigo Matheus Torres, um dos muitos que prestaram homenagens a Jean. Ele completou dizendo que vai amá-lo para sempre e ajudar a cuidar das crianças. 
Jean transportava carga de uma empresa estrangeira de navegação. De acordo com relatos nas redes sociais, o condutor é morador de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, mas estava levando uma carga de Resende, no Sul Fluminense, para o porto Rio. Enquanto o veículo ainda não era retirado da via, pessoas invadiram a cabine e furtaram peças.
Segundo a Polícia Militar, agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) estavam em patrulhamento quando foram acionados para verificar ocorrência na pista sentido Centro da Avenida Brasil. No local, o caminhão já estava colidido na mureta divisória da via e uma equipe do Corpo de Bombeiros que também havia sido acionada. Não houve prisões ou apreensões.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os militares foram acionados às 5h31, mas ao chegarem, Jean estava caído no chão, distante do veículo e já sem vida. O caminhão que ele dirigia ficou na via até por volta de 12h. Relatos de testemunhas afirmaram que a carreta ficou com várias perfurações por conta dos tiros e a lateral do veículo com marcas de sangue.
Durante a tarde, alguns colegas caminhoneiros de Jean Lucas fizeram um protesto próximo ao local. A concentração para a manifestação da categoria acontece no Mercado São Sebastião, no bairro da Penha, também na Zona Norte. Motoristas de caminhão seguiram buzinando pela Avenida Brasil, com faixas penduradas nos veículos com o nome da vítima. "Paz. Jean. Saudades", pedia uma delas. "Descanse em paz, Jean Lucas", dizia outra.
A investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Agentes realizam diligências para identificar a autoria do crime.