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'Porque era preto, pobre e periférico'

Sogra de jovem dançarino morto com três tiros, em Niterói, faz desabafo

Por PEDRO MEDEIROS

Publicado em 22/12/2022 00:00:00 Atualizado em 22/12/2022 00:00:00
Matheus Bruno, de 23 anos, morreu na última terça-feira (20), baleado com três tiros

O clima era predominantemente de dor e revolta na porta do Instituto Médico Legal de Niterói, na manhã de ontem. A família do dançarino Matheus Bruno, de 23 anos, compareceu ao local para fazer a liberação do corpo jovem que morreu com três tiros na Engenhoca, bairro do município da Região Metropolitana, na última segunda-feira (19). Segundo a sogra, "é mais um cidadão que tem seus sonhos e vidas interrompidas pelo Estado".

A servidora pública Cláudia Alexandre, de 52 anos, conversou com a reportagem do MEIA HORA a respeito do ocorrido com seu genro.

"Matheus era um homem bom, trabalhador. Foi assassinado pelo Estado, porque era preto, pobre e periférico. O Estado acabou com o sonho não só dele, como da minha filha e de toda uma família e amigos", afirmou.

De acordo com ela, Matheus trabalhava como dançarino em uma série produzida no YouTube: "Ele não era traficante, não era bandido. Não tinha sequer envolvimento. Morreu perto da porta de casa, na Engenhoca, sentado conversando com mais dois amigos, quando a Polícia lhe baleou duas vezes no peito e outra no ombro, levando com ele a alegria de uma mulher, companheira há oito anos, e de toda uma família".

Muito emocionada, a viúva de Matheus, Adriele Alexandre, de 23 anos, contou que tem dificuldades para ver perspectivas futuras de vida: "Matheus era um menino bom. Nem eu e nem ninguém tem absolutamente nada o que falar de mau dele. A partir de agora, eu enxergo uma vida triste. Acabou nosso espírito de natal, acabou tudo".

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