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Profissionais de bronzeamento fazem protesto em frente à Câmara dos Vereadores do Rio
De acordo com o advogado da classe, as mulheres reivindicam o reconhecimento da profissão
Por Brenda São Paio
Publicado em 20/07/2023 19:15:42 Atualizado em 20/07/2023 19:15:42Rio - Profissionais de bronzeamento se reuniram em frente ao Palácio Pedro Ernesto, onde fica localizada a Câmara dos Vereadores do Rio, na Cinelândia, Região Central da cidade, nesta quinta-feira (20), para reivindicar o reconhecimento da profissão. De acordo com o advogado representante da classe, José Dimas Marcondes Filho, o ato começou a ser organizado após a prisão de duas mulheres em seus estabelecimentos.
"Represento uma classe de mulheres guerreiras. São mulheres que sustentam seus lares e estão sendo impedidas pelo governo do estado, pelos políticos de exercer a sua profissão, que que em outros estados se exerce por meio de uma liminar e é autorizado. Aqui no Rio de Janeiro eles optaram por criminalizar essas mulheres. São mais de trinta mil bronzeadoras que estimam-se, aproximadamente, no estado e que hoje são impedidas de trabalhar", manifestou o advogado.
Dezenas de mulheres seguravam placas escrito "Nós somos profissionais bronze, não criminosas" durante a manifestação, enquanto utilizavam os biquínis de fita, comumente usados para a realização desse tipo de procedimento. Durante o ato, a vereadora Mônica Benício (Psol) se reuniu com as manifestantes para ouvir suas reivindicações.
Segundo ele, o Rio de Janeiro é o único estado que usa uma resolução da Anvisa com viés criminal, levando à prisão de diversas profissionais que atuam no ramo do bronzeamento. Para José Dimas, a Polícia Civil criminaliza a classe e atua de forma diferente do que é praticado no restante do país.
"O bronzeamento artificial era permitido em todo o território nacional. Quando chegou 2009, a Anvisa proibiu em todo o país. E aí essas meninas, que até então poderiam trabalhar de forma lícita, passaram a ser empurradas para a margem da sociedade. A questão é que em nenhum outro lugar nós tivemos o entendimento que a tem de criminalizar essas profissionais. Não estamos aqui pela impunidade, pela ausência de fiscalização, a Anvisa tem o direito de fazer isso, mas assim como funciona em outros estados", explicou.
A profissional Maira Ramos, 42 anos, participou da manifestação e assumiu que utiliza o dinheiro de seu trabalho para sustentar sua casa e, por isso, luta pelo reconhecimento de sua profissão.
"A nossa reivindicação hoje é para que a gente possa ter a nossa profissão reconhecida, nós estamos sendo massacradas, sofrendo abuso de poder através de uma lei municipal que existe no Rio de Janeiro, onde proíbe o uso de câmeras de bronzeamento. A Anvisa e o Procon alegam que essas câmeras de bronzeamento causam câncer. Nós temos como profissão levar autoestima para centenas de milhares de mulheres, não só no Rio de Janeiro, como em todo o Brasil e no mundo, porque lá fora, a profissão é legalizada, é reconhecida, todas trabalham com câmaras de bronzeamento", desabafou.
As câmaras de bronzeamento funcionam como um sol artificial, que emite raios UVA, estimulando a produção de melanina, que produzem pigmentação e dão um aspecto bronzeado para a pele. De acordo com a resolução da Anvisa, o uso contínuo do equipamento pode causar câncer. Porém, de acordo com o advogado da classe, um produto que pode vir a causar câncer após décadas de uso não pode ser considerado de alta periculosidade.
"Não se pode considerar que um produto que pode ou não causar câncer ao longo vinte ou trinta anos de utilização, seja considerado de alto grau de periculosidade", contou.
Uma outra reivindicação feita pela classe é a votação de um projeto de lei que prevê a revogação da legislação que proíbe o uso de câmaras de bronzeamento. "Nós estamos aqui porque também queremos usar as nossas câmaras de bronzeamento e estar trabalhando, porque todas aqui são mães de família, a maioria sustenta o próprio lar trabalhando dignamente", expôs Maira.