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Família e amigos se despedem de Cacá Diegues

Velório do cineasta foi na Academia Brasileira de Letras, no Centro

Por Meia Hora

Publicado às 15/02/2025 14:25:58 Atualizado às 15/02/2025 14:25:58
Eduardo Paes esteve no velório de Cacá Diegues
Rio - Familiares e amigos dão o último adeus ao cineasta Cacá Diegues em velório na Academia Brasileira de Letras, no Centro do Rio, neste sábado (15). Conhecido pelo trabalho em filmes como "Xica da Silva" (1976), "Bye Bye Brasil" (1980) e "Deus é Brasileiro" (2003), o profissional morreu aos 84 anos, nesta sexta-feira (14), devido a complicações cardio-circulatórias. 
O prefeito Eduardo Paes, os atores Gloria Pires, Mariana Ximenes, Cláudia Abreu e Babu Santana, o apresentador Pedro Bial e a cineasta e diretora Rosane Svartman compareceram ao local para se despedirem de Cacá. Artistas como Caetano Veloso e Bárbara Paz enviaram coroas de flores.
Uma bandeira do Botafogo, time do coração de Diegues, foi colocada sobre o caixão dele. Após a cerimônia de despedida, o corpo do diretor será cremado no Cemitério do Caju, na Zona Portuária. 
Carlos José Fontes Diegues nasceu em 19 de maio de 1940, em Maceió. Aos seis anos, se mudou para o Rio de Janeiro. Cacá foi um dos fundadores do Cinema Novo, ao lado de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman e outros. Ele exilou-se na Itália e depois na França, após a promulgação do AI-5, em 1969, durante o regime militar.
O primeiro longa da carreira de Diegues foi "Ganga Zumba" (1963), protagonizado por Antonio Pitanga e Léa Garcia, considerado o primeiro filme brasileiro com estelado por negros. A lista de produções também inclui "A Grande cidade" (1966), "Os Herdeiros" (1969) e "Quando o Carnaval Chegar" (1972).
Entre as produções de maior destaque do diretor estão "Xica da Silva" (1976), "Bye Bye Brasil" (1980), "Dias melhores virão" (1989), "Veja esta canção" (1994) e "Tieta do Agreste" (1995), "Orfeu" (1998), "Deus é Brasileiro" (2003) e "O Grande Circo Místico" (2018).
A maioria dos longas que realizou foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, o que o torna um dos realizadores brasileiros mais conhecidos no mundo.
Cacá ganhou vários prêmios, incluindo os de Melhor Filme nos Festivais de Montreal e Paris, Mar Del Plata e Havana, para "O Maior Amor do Mundo", lançado em 2006. Foi casado com a cantora Nara Leão, da qual se separou em 1977, 12 anos antes de ela falecer. Com Nara, teve dois filhos: Isabel e Francisco. Desde 1981, era casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora, que morreu aos 34 anos, em 2019, vítima de um câncer no cérebro.
Em 2016, foi enredo da escola de samba Inocentes de Belford Roxo, desenvolvido pelo carnavalesco Márcio Puluker. Ele chegou a participar do desfile no último carro. Em 2018, Cacá se tornou imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele ocupava a Cadeira 7, na sucessão do Acadêmico Nelson Pereira dos Santos.
Diegues precisou se afastar de suas atividades na instituição, no ano passado, por mais de quatro meses devido a um problema de saúde. "Na verdade não sei, tive uma espécie de problema no coração, aí fui para o hospital porque comecei a passar mal. Tive que ficar lá para corrigir isso. Comecei a ter quase uns desmaios, vontade de desmaiar, mas não desmaiava. Fiquei preocupado com isso", afirmou ele, em entrevista à "Veja" na época. No mesmo ano, ele foi um dos homenageados do Grande Prêmio Otelo.