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Familiares e amigas lamentam morte de ativista trans paraense: 'Tragédia'
Prima aguarda certidão de nascimento retificada chegar do Pará para fazer a liberação do corpo de Danielly Rocha da Silva Sousa no IML
Por Brenda São Paio, Luiz Maurício Monteiro
Publicado em 05/05/2025 22:20:07 Atualizado em 05/05/2025 22:20:07Rio – Familiares e amigas lamentam a morte de Danielly Rocha da Silva Sousa, 38 anos. A ativista trans paraense, que morava no Rio há cerca de 15 anos, foi encontrada sem vida na madrugada desta sexta-feira (2) na casa em que morava, na Lapa, Região Central. A Polícia Civil investiga as circunstâncias do crime.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estima que a expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de apenas 35 anos. Apesar de ter superado em três anos o número apontado pela Antra, a morte de Danielly aconteceu de forma prematura. "Estamos em choque. Dani era uma pessoa maravilhosa. A última vez que ela esteve em Belém foi ótimo. Alugamos uma van para sair todo mundo junto, para fazer tudo o que ela queria. E agora aconteceu essa tragédia", comentou a irmã de Danielly, Célia Souza.
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estima que a expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de apenas 35 anos. Apesar de ter superado em três anos o número apontado pela Antra, a morte de Danielly aconteceu de forma prematura. "Estamos em choque. Dani era uma pessoa maravilhosa. A última vez que ela esteve em Belém foi ótimo. Alugamos uma van para sair todo mundo junto, para fazer tudo o que ela queria. E agora aconteceu essa tragédia", comentou a irmã de Danielly, Célia Souza.
Amiga da cozinheira e empreendedora paraense, Manoela Menandro destacou o espírito alegre dela. As duas moraram juntas por cerca de 10 anos. "Danielly era alto astral, fazia muita amizade, era querida por muitas pessoas. Ela era querida por onde passava. Danielly estava mais animada do que o normal ultimamente porque o aniversário dela seria no dia 8 de maio. Nós éramos família uma da outra", lamentou.
Ana Luiza Ferreira, que dividia a casa com Danielly e Manoela, expressou seu pesar pela perda da amiga: "A partida da minha querida 'mirim', deixou um vazio difícil de descrever. Mais do que amiga, a Danielly foi minha parceira de casa, de rotina, de vida. Ainda é muito difícil acreditar em tudo isso, mas guardarei para sempre nossas conversas, risos e a força da amizade que criamos. Levo comigo a lembrança de uma pessoa generosa, doce e única. Que ela descanse em paz e continue iluminando a todos que tiveram a sorte de conhecê-la".
Uma das poucas familiares de Danielly que mora no Rio, Cida Passos lembrou com carinho da prima. "Nascemos no interior do Pará e fomos criadas juntas. Recebi uma ligação do irmão da Dany pedindo para eu reconhecê-la no Instituto Médico Legal (IML). Para mim, foi um choque", contou.
Liberação do corpo e traslado
Segundo Cida, a mãe de Danielly também a pediu para tratar da liberação do corpo no IML. Apesar das tentativas, o corpo da paraense não foi liberado até o momento por causa da falta da documentação necessária. Os responsáveis precisam apresentar a certidão de nascimento retificada da cozinheira. Entretanto, a documentação não chegou do Pará.
A prima garante que o objetivo é reconhecer o corpo de acordo com a identidade de gênero de Danielly. Ela está na expectativa pela chegada do documento retificado, mas ainda não tem uma previsão de quando isto acontecerá.
Sobre a falta do documento retificado, que tem sido um entrave para a burocracia do processo de liberação do corpo, Manoela explicou: "No Pará, existe a certidão de nascimento já com o nome dela retificado. Mas a família dela não teve condições financeiras de enviar para cá, já que o cartório não envia gratuitamente. A Danielly também não conseguiu pagar para trazer. No Rio, toda a documentação que ela tinha é com o nome masculino. E isso está dificultando a liberação e, consequentemente, o sepultamento".
O objetivo da família é realizar velório e sepultamento no Pará, mas os gastos com o traslado do corpo de Danielly são um outro obstáculo. Por isso, foi criada uma vaquinha online para arrecadação de recursos - para saber mais, clique aqui.
Investigação
A Polícia Civil informou que agentes da 5ª DP (Mem de Sá) investigam a morte de Danielly e realizam diligências para esclarecer as circunstâncias do crime. Um vídeo de uma câmera de segurança de uma borracharia localizada em frente à casa onde Danielly foi encontrada morta, na Rua do Riachuelo, mostra um homem saindo do imóvel por volta de meia-noite e meia.
Manoela descarta a possibilidade de que o autor do crime teria sido um suposto namorado da paraense. "Disseram que ela estava conhecendo um rapaz, mas é mentira. Ela não tinha um relacionamento. Mas a Danielly costumava receber pessoas em casa para encontros casuais", comentou.
Luto
Centro de acolhimento de pessoas LGBTIA+, a Casa Nem lamentou a morte da ativista. Danielly Santos era amiga e parceira de militância de Indianarae Siqueira, com quem chegou a dividir um apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
"Dany vai deixar saudades. Mas, em sua memória, vamos seguir lutando. Lutando para que as circunstâncias de sua morte seja investigadas. Queremos que a justiça faça seu trabalho e tudo seja devidamente apurado. Nada trará nossa pupila de volta. Do luto à luta", afirmou a organização, em nota.