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Saneamento básico muda a realidade em Mesquita

Obras de esgotamento sanitário transformam a vida de 65 mil de pessoas

Por Meia Hora

Publicado em 11/08/2025 00:00:00 Atualizado em 11/08/2025 00:00:00

Jaqueline Gomes Gonzaga carrega na memória o cheiro forte e a imagem de um rio repleto de lixo: "Quando eu era criança, passava todo dia pelo Sarapuí para ir ao colégio. Sempre foi poluído. Era esgoto, lixo, bicho morto, cheiro ruim", lembra a cabeleireira de 45 anos, que viveu a infância em Mesquita.

Desde que a Águas do Rio instalou o sistema de Coleta em Tempo Seco (CTS), em Mesquita, o esgoto, que antes era despejado diretamente nos rios Sarapuí e Dona Eugênia, passou a ser coletado e enviado para tratamento adequado. "É um trabalho de formiguinha, né?", comenta Jaqueline. "Mas só de pensar que posso passar ali sem sentir aquele cheiro horrível... é o que a gente sonha".

Ainda quando criança, a cabeleireira se mudou com a mãe para Niterói. Quatro anos atrás, voltou a morar na Baixada Fluminense, porque a neta sentia saudades da avó. "Ela não vive sem mim", ri. Recomeçou a vida no bairro Vila Norma, onde abriu um salão de beleza — e reencontrou o velho problema: o mesmo rio, o mesmo mau cheiro.

O bairro de Jaqueline também é conhecido por enchentes, que já forçaram vizinhos a abandonar suas casas. "A Tônia mesmo", diz ela relembrando uma vizinha, "largou tudo por causa da água entrando em casa". Seu salão não alaga por completo, mas, em períodos de chuva, a rua fica tomada pelo rio.

O novo sistema instalado pela Águas do Rio nos rios Dona Eugênia e Sarapuí reduz a poluição e melhora a qualidade da água. Com menos esgoto sendo lançado nos rios e canais urbanos, há menos risco de contaminação e doenças de veiculação hídrica.

Novo sistema de esgoto implantado em Mesquita

A Águas do Rio concluiu a implantação de um novo sistema de coleta de esgoto em Mesquita, que ajuda a limpar os rios e proteger o meio ambiente. Conhecido como Coletor em Tempo Seco, o sistema funciona como uma "barreira" dentro da tubulação, retirando o esgoto que cai diretamente nos rios. Em dias secos, ele coleta e direciona o esgoto doméstico e comercial para uma estação de tratamento. Já em dias de chuva intensa, fecha ou desvia o fluxo para evitar sobrecarga.

Essa iniciativa faz parte de um projeto da Águas do Rio para ampliar o saneamento básico nas cidades da Região Metropolitana. Mesquita tem o primeiro sistema desse modelo entregue pela concessionária fora da capital, e o impacto já pode ser sentido: 65 mil pessoas beneficiadas. Por meio dele, passam a ser tratados mais de 15 milhões de litros de esgoto por dia, o equivalente a 6 piscinas olímpicas.

Ao todo, da Baixada a São Gonçalo, passando pela capital fluminense, mais de R$ 2,7 bilhões serão investidos em saneamento que traz impacto para a saúde da população, para o meio ambiente e também para a economia da região.

Ações como essas, somadas a reformas e manutenções no sistema de esgotamento sanitário das cidades no entorno da Baía de Guanabara já evitam que mais de 100 milhões de litros de esgoto sejam despejados diariamente nesse ecossistema.

"Será que vou ver meus netos nadando no rio?"

O contexto dos rios de Mesquita exemplifica a importância de sua despoluição. O rio Dona Eugênia é um afluente do Sarapuí. Atravessa bairros de Mesquita e deságua em Nova Iguaçu, retornando ao rio mãe. O Sarapuí, por sua vez, termina no rio Iguaçu, em Duque de Caxias, depois de passar por cinco cidades da Baixada: Nilópolis, Duque de Caxias, Mesquita, São João de Meriti e Belford Roxo.

Lucimar dos Santos Melo, 57, cozinheira aposentada, buscava paz quando se mudou com o marido de Nova Iguaçu para Mesquita, há 4 anos. Mas encontrou um cenário parecido com o de onde veio. "A situação do rio que passa lá onde eu morava também é triste, muito fedido. Ele passa perto da casa da minha irmã". Agora, a moradora ficou otimista com a chegada de duas novas estações construídas pela concessionária, nos bairros de Edson Passos e Chatuba.

Depois de coletado, o esgoto da região é direcionado para as estações elevatórias. Felipe Esteves, diretor executivo da Águas do Rio explica: "A obra das elevatórias foi fundamental para a implantação do novo sistema, porque são essas estruturas que vão bombear todo o esgoto interceptado e direcioná-lo à Estação de Tratamento de Esgoto Sarapuí. Depois de passar por processos físicos, químicos e biológicos, o efluente tratado será devolvido ao meio ambiente, atendendo aos padrões de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde".

O objetivo da companhia é melhorar a qualidade de vida de 10 milhões de pessoas no Estado do Rio de Janeiro e contribuir para a despoluição de ecossistemas importantes, como a Baía de Guanabara.

"Será que vou ver meus netos nadando no rio?", brinca a cozinheira com um sorriso otimista. A cozinheira e a cabeleireira compartilham o mesmo desejo: que seus netos possam crescer em um ambiente mais limpo, saudável e digno.

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