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Operação combate quadrilha que usava exames falsos para extorquir famílias de pacientes

Policiais cumprem mandados na Zona Oeste do Rio, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul

Por Meia Hora

Publicado em 02/12/2025 13:45:35
Na ação, um homem não identificado foi preso nesta terça-feira
Rio - Policiais civis realizam, na manhã desta terça-feira (2), a operação "Cura Ficta" (ficção de cura, em português) contra um grupo investigado por aplicar o golpe do falso exame médico. Os agentes cumprem nove mandados de prisão e 13 de busca e apreensão em endereços ligados aos envolvidos na Zona Oeste do Rio, no Mato Grosso e Goiás.
Segundo a corporação, os acusados se passavam por médicos e coordenadores de unidades hospitalares para extorquir parentes de pacientes internados, utilizando nomes fictícios e fotos retiradas da internet. 
O delegado Eibert Moreira do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC) do Rio Grande do Sul informou que dos mandados de prisão preventiva decretados, sete já foram localizados sendo cinco no Mato Grosso, um em Guaratiba, no Rio, e um em Goiás. Os nomes, no entanto, não foram divulgados.
De acordo com Moreira, pelo menos 12 pessoas que fazem parte desse grupo criminoso, com atuação mais forte no Mato Grosso, porém as vítimas todas são do Rio Grande do Sul.
As investigações indicaram que o grupo se aproveitava da vulnerabilidade das vítimas. Com ligações alarmistas, os golpistas afirmavam que o estado de saúde do internado havia piorado e que seria necessária a realização de exames urgentes, não cobertos pelo convênio.
O líder do esquema foi identificado como um detento de 35 anos, que atualmente está na Penitenciária de Rondonópolis, Mato Grosso. Mesmo encarcerado, ele coordenava as chamadas e a logística do golpe. No interior de sua cela, já haviam sido apreendidos cadernos com anotações de roteiros do golpe, dados bancários e números de telefone. Ele faz parte de um grupo criminoso oriundo do Rio de Janeiro, mas que possui participação em todo o território nacional.
Uma mulher, de Rondonópolis, e companheira de um dos envolvidos, atuava como braço direito do comando prisional, operando contas bancárias e gerenciando o fluxo financeiro. Outro alvos, residente da mesma região, possuía 121 chaves PIX cadastradas em seu CPF, utilizadas para esconder o destino do dinheiro ilícito.
Ainda de acordo com as autoridades, os criminosos criavam uma falsa urgência para a quitação do pagamento, e os familiares se sentiam pressionados a agir sem tempo para checar a veracidade das informações. As transferências eram feitas via Pix.
Conforme a corporação, os bandidos utilizavam emuladores de Android em computadores para simular múltiplos aparelhos celulares, permitindo que um único homem gerenciasse diversas contas de WhatsApp e aplicativos bancários simultaneamente, dificultando o rastreamento policial.
A investigação teve início após o registro de ocorrências em Porto Alegre e Canoas, onde vítimas relataram prejuízos que, somados, ultrapassam dezenas de milhares de reais em poucos dias.
A ação está sendo conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e coordenada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul.