Apagão em SP: Nunes pede intervenção federal na Enel após crise de falta de energia
Por Agencia Estado
Publicado em 12/12/2025 16:04:20O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, voltou a criticar nesta sexta-feira, 11, a Enel, responsável pelo abastecimento de energia elétrica na capital e na região metropolitana. Em entrevista à Rádio CBN, Nunes defendeu intervenção federal na Anel.
A reportagem procurou a Enel desde quinta para comentar sobre a crítica do prefeito, mas ainda não obteve resposta.
"As pessoas têm cobrado a Prefeitura pelos problemas. A concessão de energia é feita pelo governo federal. Como esta empresa está fazendo um atendimento muito ruim na cidade, temos de pedir ao governo federal que tire esta empresa daqui e traga uma empresa boa, como aconteceu em Goiás", afirmou Nunes à CBN.
Em Goiás, não houve intervenção federal, mas a empresa foi praticamente expulsa do Estado. Em 2019, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) apresentou relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR) listando todas as tentativas feitas pelo governo para tentar resolver os problemas na prestação de serviço.
No mesmo ano, foi concluído um relatório da CPI da Enel na Alego, que pediu a caducidade da concessão. A caducidade é uma das formas de extinção do contrato, que pode ser solicitada quando o serviço está sendo prestado de maneira deficiente.
Apesar da pressão, a concessão se arrastou até 2022, quando a Aneel aprovou a venda da Enel Goiás à Equatorial Energia numa transação que custou R$ 1,6 bilhão.
Na quinta, o prefeito havia gravado um vídeo criticando a Enel pela demora em desligar energia na região da Rua Eça de Queiroz, na Vila Mariana, na zona sul, para que a equipe da prefeitura retirasse a árvore que caiu durante o vendaval que assolou a cidade na quarta, 10.
A Enel tem afirmado que mobilizou mais de 1,5 mil equipes para atender os clientes após o vendaval. A velocidade das rajadas - que chegou a 98 km por hora na Lapa, na zona oeste -, nunca tinha sido aferida pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) desde o início das medições, em 1963.
O prefeito disse no vídeo gravado na quinta, e repetiu na entrevista concedida nesta sexta, que este número de equipes divulgados pela Enel é mentira. Imagens feitas pela TV Globo na quinta-feira, 11, mostraram carros parados no pátio da concessionária. À emissora, um diretor da empresa disse que a concentração de veículos se devia a uma rotatividade de turnos.
O que diz a Enel
De acordo com a Enel, o trabalho de restabelecimento da energia é "complexo". Nesta sexta-feira, 12, a companhia ainda não tinha informado um prazo para a normalização do serviço.
O balanço mais recente da concessionária mostra que 601 mil clientes continuam sem luz na região.
"Em algumas localidades, o restabelecimento é mais complexo, porque envolve a reconstrução da rede, com substituição de postes, transformadores e, por vezes, recondução de quilômetros de cabos", afirmou a Enel.
O vendaval
O vendaval se formou sob influência de um ciclone extratropical formado no Sul do país nesta semana. De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nos próximos dias, o fenômeno irá se deslocar em direção ao Oceano Atlântico, permitindo a chegada de ventos menos intensos, predomínio de sol e elevação das temperaturas em São Paulo.
O ciclone extratropical se forma a partir do encontro entre uma massa de ar quente e uma massa de ar frio em latitudes mais elevadas - um processo contínuo que, normalmente, ajuda a regular a temperatura do planeta. Por isso, os ciclones são muito frequentes. Porém, na maior parte das vezes, eles ocorrem sobre o mar e não são muito fortes e, por isso, passam despercebidos.