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Operação contra deputados federais do PL do Rio mira desvio de verbas com empresa de aluguel de carros

Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy foram alvos da ação; na casa do primeiro, policiais federais encontraram R$ 430 mil

Por Meia Hora

Publicado em 19/12/2025 11:24:51
Entre os alvos estão os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ)
Rio - A operação da Polícia Federal, realizada nesta sexta-feira (19), contra os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL, investiga a utilização de uma empresa de locação de veículos para desvio de recursos públicos oriundos de cotas parlamentares. Na casa do primeiro parlamentar, policiais federais encontraram R$ 430 mil.
A ação desta sexta é um desdobramento da Operação Rent a Car, deflagrada em dezembro do ano passado, que teve como alvo assessores dos deputados. As investigações apontam para a existência de um esquema criminoso caracterizado pela interação entre os setores público e privado, no qual empresários e agentes teriam acordos para desvio de verbas.
O elemento central da investigação é uma empresa de locação de veículos, que seria usada para simular contratos de prestação de serviços. Segundo o apurado, agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma conjunta para o desvio e posterior ocultação de recursos públicos.
O deputado Carlos Jordy (PL) publicou um posicionamento sobre a operação nas redes sociais e afirmou ser alvo de uma perseguição.
"Estão fazendo essa busca e apreensão covarde, alegando que eu estaria desviando os recursos da cota parlamentar para uma empresa de fachada de aluguel de carros, sendo que é a mesma empresa que eu alugo desde o início do meu primeiro mandato. A alegação deles é tosca. Eles dizem que chama muita atenção o número de veículos dessa empresa, que aluga para vários deputados, dizendo que as outras empresas tem mais de 20 veículos na sua frota e essa apenas cinco, sendo uma empresa de fachada", destacou o parlamentar.
De acordo com o deputado, os policiais estão fazendo uma "pesca probatória", que consiste em uma prática proibida pelo ordenamento jurídico brasileiro, que não admite investigações especulativas sem um objetivo certo ou declarado.
"Eu sei o que é que eles estão fazendo. Isso é mais do que querer nos intimidar. Não vamos nos intimidar. Eu não vou abaixar a cabeça para essa covardia. Isso aqui para mim será mais um instrumento de ânimo para enfrentar essa tirania e ditadura do judiciário, que persegue os seus adversários utilizando o aparato da Justiça", completou.
Dinheiro encontrado
Durante as diligências da Operação Galho Fraco, a Polícia Federal apreendeu um total de R$ 430 mil em dinheiro vivo na residência do deputado Sóstenes Cavalcante (PL). O parlamentar é líder do PL na Câmara dos Deputados.
No endereço onde o parlamentar vive em Brasília, em um flat, os investigadores encontraram no armário uma sacola preta cheia de notas de R$ 100, que foram contabilizadas e apreendidas sob suspeita de serem provenientes do desvio de recursos públicos.
Jordy também foi alvo de busca e apreensão, mas não foi encontrado dinheiro vivo em seu endereço. Ao todo, os policiais cumpriram sete mandados, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal e no Estado do Rio.
Sóstenes ainda não emitiu um pronunciamento sobre o assunto. A reportagem tenta contato com sua defesa.
Cota parlamentar
A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), instituída pelo Ato da Mesa 43/2009, unificou a verba indenizatória (que vigorava desde 2001), a cota de passagens aéreas e a cota postal-telefônica. O valor mensal do benefício deve ser utilizado pelo deputado para custear despesas típicas do exercício do mandato parlamentar, como aluguel de escritório de apoio ao mandato no estado, passagens aéreas, alimentação, aluguel de carro, combustível, entre outras.