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O que comerciantes disseram sobre a agressão a um casal em Porto de Galinhas

Por Agencia Estado

Publicado em 29/12/2025 22:02:46

Em um vídeo postado nas redes sociais nesta segunda-feira, 29, barraqueiros acusados de agredir um casal de turistas do Mato Grosso na praia de Porto de Galinhas, em Pernambuco, deram sua versão para o ocorrido. Os empresários Cleiton Zanatta e Johnny Andrade afirmaram que cerca de 30 pessoas espancaram os dois.

"Primeiro, queria deixar claro que não existe cunho algum sobre homofobia. Não foi um caso de homofobia. Os caras estão tentando atrelar isso à história, e não foi isso. Aparentemente, os caras estavam embriagados", afirma um barraqueiro que não se identifica.

Em seguida, ele chama um rapaz que teria sido o barraqueiro que alugou as cadeiras para o casal e pede que conte como teria ocorrido. "Ele me agrediu, deu um mata-leão em mim. Primeiro, ele deu um tapa no cardápio, depois eu o empurrei", diz, referindo-se a um dos turistas.

Na sequência, o que aparenta ser representante dos barraqueiros volta a negar o cunho homofóbico das agressões. "Eu quero deixar claro que a gente adora o público homossexual, inclusive, é o melhor público, é o público que gasta, que consome. Não houve isso", afirma na postagem.

A Associação de Barraqueiros do Litoral de Ipojuca (ABLI) divulgou nota, nesta segunda-feira, repudiando a violência e afirmando que, neste momento, "cabe apenas aguardar os desfechos das investigações".

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), Tony Sousa, divulgou nota lamentando o episódio. "O que aconteceu aqui foi algo lamentável. É algo que nos preocupa, mas estamos vendo ações do governo, da prefeitura e da polícia. Se elas forem eficientes, tudo isso pode ser uma oportunidade de melhorar o serviço e ser revertido em uma exposição positiva no futuro", diz.

A Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas (AHPG), o Trade Turístico de Porto de Galinhas e a Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) divulgaram notas lamentando o episódio e cobrando a responsabilização dos envolvidos.

Nesta segunda, 29, a prefeitura informou ter reforçado as ações de fiscalização na orla, com ampliação do efetivo da Guarda Municipal e da Secretaria de Meio Ambiente no local. A fiscalização também será reforçada quanto ao cumprimento do Código de Defesa do Consumidor, inclusive sobre a ação de pessoas que atuam de forma irregular como "flanelinhas". Além disso, os agentes municipais deverão atuar de maneira intensificada para coibir práticas irregulares, como exigência de consumação mínima nos estabelecimentos.

Nas redes sociais, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), disse que o acontecido é absolutamente inadmissível. "Não vamos tratar como um incidente, vamos tratar como um crime grave, que aconteceu contra dois turistas que vieram nos visitar, que foram à praia e infelizmente foram espancados de maneira brutal por criminosos que estavam ali na praia." Ela confirmou que os 14 suspeitos já foram qualificados e serão indiciados.

'Rosto completamente danificado'

De acordo com o relato do casal, eles passavam férias de fim de ano em Porto de Galinhas. Ao chegarem à praia, foram abordados por um rapaz que ofereceu o serviço de aluguel de cadeiras. Mais tarde, quando os dois foram pagar pelas cadeiras, o preço era quase o dobro do combinado inicialmente.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Johnny relatou que se recusou a pagar pelo valor mais caro e foi depois disso que o comerciante atirou uma cadeira contra ele.

"Quando eu me dei conta, não era nem um, nem dois. Tinha uns 10, 15 em cima da gente, batendo na gente", afirmou. "O Cleiton, meu companheiro, saiu correndo, ele conseguiu escapar. Tinha aproximadamente uns 30 (homens) mais ou menos nesse momento".

Nas imagens, Johnny aparece com o rosto inchado e vários hematomas. Ele disse que foi atingido com socos e pontapés. "Meu rosto está completamente danificado, toda a lateral do meu corpo está machucada, porque eles bateram muito em mim", relatou.

O empresário contou que conseguiu escapar depois que o companheiro chamou uma equipe de salva-vidas. O casal foi colocado na traseira do carro do Corpo de Bombeiros. Em outro vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver vários homens que cercam o carro e continuam a tentar agredir os dois.

No vídeo, o casal reclamou da falta de policiamento na praia e da falta de equipamento no hospital onde foram atendidos. Eles disseram que vão processar a prefeitura da cidade e o Estado de Pernambuco.

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