Veja como a pornografia afeta a saúde mental e sexual de jovens
Por Edicase
Publicado em 04/11/2025 14:10:10Para muitos jovens, o primeiro contato com o sexo acontece por meio da pornografia — sem diálogo e sem cuidado. O acesso fácil a conteúdos adultos tem transformado a maneira como as novas gerações descobrem o corpo, o prazer e o desejo.
Segundo a psicóloga Laís Mutuberria, especialista em saúde mental e comportamento, esse fenômeno compromete o desenvolvimento emocional e sexual. A exposição precoce a conteúdos adultos, explica a profissional, distorce a percepção do corpo, do prazer e do vínculo e pode afetar os circuitos cerebrais ligados à recompensa e à motivação, gerando dependência e dificuldade de conexão afetiva.
A ausência de orientação adequada faz com que a pornografia ocupe o espaço que deveria ser de escuta, conversa e acolhimento. Em vez de aprender sobre respeito, consentimento e vínculo, muitos jovens constroem sua compreensão da sexualidade a partir de imagens e roteiros distantes da realidade.
Estímulo intenso e risco de dependência
Do ponto de vista psicológico e neurocientífico, a pornografia atua como um estímulo de alta intensidade, capaz de ativar repetidamente os circuitos cerebrais relacionados ao prazer e à motivação, especialmente os sistemas dopaminérgicos.
“Essa descarga imediata de dopamina cria um padrão de reforço que favorece a dependência. Com o tempo, o cérebro se acostuma à intensidade e passa a buscar doses cada vez maiores de estímulo para alcançar o mesmo nível de excitação”, explica Laís Mutuberria.
Segundo ela, o vício em pornografia não é uma questão moral, mas de saúde mental. “Ele compromete a atenção, a autoestima, a capacidade de conexão emocional e a experiência autêntica da sexualidade. A dependência em pornografia é uma realidade entre jovens e adultos. Como qualquer tipo de dependência, implica perda de liberdade — o sujeito passa a ser conduzido pelo impulso, e não pela escolha. O impulso passa a comandar o comportamento, e não a escolha consciente”, alerta.
adolescentes, principais consumidores de pornografia, em processos de conscientização e cuidado psicológico. Cuidar da sexualidade é cuidar da saúde mental e afetiva”, conclui.
Por Annete Morhy