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Profissionais relatam como optaram por investir na abertura de negócios

Isis Pioneli, 29 anos, não conseguia um emprego na sua área de formação
Isis Pioneli, 29 anos, não conseguia um emprego na sua área de formação -

Elas são minoria no mercado de trabalho. Mas, na tentativa de reverter este quadro e driblar a taxa de desocupação, muitas estão migrando para o empreendedorismo. De acordo com levantamento da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), são 24 milhões de mulheres empreendedoras, um aumento de 118% em 2019, comparado a 2018. Mas a mudança não termina na abertura do próprio negócio. Em busca de um novo caminho profissional, as mulheres começaram a entrar em áreas nas quais seriam difícil atuarem no mercado de trabalho formal.

É o caso de Isis Pioneli, de 29 anos, que se formou em Mecânica Industrial e Elétrica Residencial. Ela estagiou na área, mas não conseguia uma colocação no mercado de trabalho. "É uma área muito complicada para as mulheres, não era nem chamada para entrevistas", diz.

Para continuar na área de formação, ela resolveu apostar na criação de sua própria empresa, a Ela Repara, com objetivo de realizar serviço de manutenção residencial voltado para mulheres e idosos que não se sentem confortáveis em receber homens estranhos em casa.

"Faço trabalhos de elétrica residencial, reparos hidráulicos, de alvenaria, montagem de móveis, pintura e instalações em geral de prateleiras, quadros e ventiladores. Vi que no Rio não vi tinha muitas meninas fazendo isso e resolvi criar", explica Isis.

Para ela, a rotina é pesada, mas compensadora. "A rotina é bem puxada, porque nem sempre os trabalhos são leves, além do que ouvimos constantemente em lojas de construção e até de mulheres que duvidam do nosso trabalho. Mas é o que gosto bastante de fazer e fico feliz com meu trabalho", afirma Isis.

Semelhante ao caso de Isis, Geisa Garibaldi, de 35 anos, decidiu abrir a Concreto Rosa em 2015 com algumas parceiras. "A vontade nasceu por conta de toda a dificuldade que as mulheres têm em serem contratadas como mão de obra, e ao mesmo tempo se sentirem seguras. Somos uma empresa que pensa exatamente na inserção de mulheres na área da Construção Civil, que não abre tantas oportunidades para mulheres", explica Geisa.

O objetivo é fazer desde pequenos reparos do dia a dia como elétrica, hidráulica e pintura, até projetos de arquitetura e engenharia. "Além disso, fazemos oficinas de reparos e futuramente teremos cursos de capacitação. Serviços prestados prioritariamente para mulheres e feito por mulheres", diz.

Mulheres à obra

Com objetivo de potencializar a mulher no segmento, o projeto Mulheres à obra realiza mais uma edição neste mês. Na 7ª vez, o curso contará com quatro turmas, que neste ano chega ao número de 1 mil participantes. Nas aulas, elas aprendem na teoria e na prática como utilizar ferramentas, impermeabilização, técnicas de tinta e preparo das paredes.

"As nossas alunas são curiosas e gostam de chegar, meter a cara e fazer. A gente conseguiu dar mais conhecimento, encorajar e fazer com que perdessem o medo de certos reparos domésticos", pontua Isabel Gomes, diretora de Marketing da loja Palácio da Ferramenta, que promove o curso.

Uma das mulheres que passou pelo curso foi Ellena Stellet, 26. No ano passado, fez os cursos de marcenaria, elétrica e ferramentas manuais. Com o aprendizado ela tira um dinheiro extra para as suas despesas. "Comecei a divulgar as minhas façanhas no Instagram, deu tão certo que eu até estou pensando em fazer um canal para o YouTube, compartilhando as minhas construções", atesta empolgadíssima.

Já Telma Souza, 40 anos, deu uma guinada na carreira. Ela saiu do cargo de secretária executiva e decidiu ser eletricista. "Participei dos cursos e vi potencial e habilidades. Tive a oportunidade de conhecer mais mulheres, que assim como eu, já trabalham na área ou são estudiosas do assunto, o bom e velho networking. Dessa forma, tenho atuado na área".

Para quem ficou interessado em participar do curso, as inscrições podem ser feitas através do site http://www.palacio.com.br/mulheres-a-obra. As aulas ocorrem sempre aos sábados, das 10h às 14h.

Isis Pioneli, 29 anos, não conseguia um emprego na sua área de formação Cléber Mendes
Mulheres à Obra ensina a usar ferramentas Divulgação