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Desigualdade no mercado de trabalho

Segunda pesquisadora, igualdade deu freada nos últimos três anos

Irla Bela, 24 anos, queria crescer na empresa e fez curso de condutora
Irla Bela, 24 anos, queria crescer na empresa e fez curso de condutora -

A desigualdade no mercado de trabalho ainda é muito grande, principalmente em relação à participação da mulher na inserção de um emprego formal. E este quadro não deve melhorar nos próximos anos. Isso porque segundo aponta uma pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o cenário de igualdade deu uma freada. 

De acordo com a pesquisadora do Ipea Luana Simões, o país tem vivido uma estagnação na contratação de mão de obra feminina por conta de problemas nem tão novos, mas super conhecidos. "Após o crescimento, nos últimos três anos, a equiparidade se estagnou. Isso se explica muito pelo fato da responsabilidade em fatores domésticos. Com o envelhecimento da população, as mulheres ficam em casa cuidando dos idosos da família ou dos filhos ou qualquer outra pessoa com algum tipo de dependência. A taxa de desemprego para elas é maior", explica. 

Ainda segundo ela, o cenário só dificulta para as mulheres mesmo que elas tenham nível de escolaridade maior que os homens. "Mesmo quando estão empregadas, o contexto não melhora. Elas atuam em ocupações mais precárias, principalmente as mulheres negras, que ficam estaticamente no pior cenário. Enquanto a gente não conseguir reverter esse quadro, a gente não vai mudar. As mulheres voltam a ser ainda mais penalizadas e a falta de igualdade entre os sexos pode voltar ainda maior como dos últimos três anos", afirma a pesquisadora do Ipea. 

Ocupação de profissões antes majoritariamente masculinas

Antes dominadas quase exclusivamente por homens, algumas funções despertaram o interesse das mulheres. Uma delas é de condutora de trem. No MetrôRio, atualmente são 24 mulheres conduzindo as composições nas três linhas da concessionária.

A condutora Irla Belo, de 24 anos, ingressou em 2018 no curso de formação para condutores. Mãe de uma menina de 2 anos, ela trabalhava como bilheteira na concessionária, mas queria ir mais longe. "Existe o preconceito. Muitas pessoas diziam que, por ser mulher, não iria conseguir. Mas fui atrás e estou aqui. Precisei romper muitas barreiras", afirma Irla. 

Além das dificuldades para alcançar o objetivo profissional, ela conta que conciliar trabalho e afazeres domésticos complicam. "O maior problema, na minha opinião, é a dupla jornada na área familiar. Criava minha filha sozinha quando comecei o curso. Tive que contar com uma rede de mulheres. Se não fosse por elas, não estaria aqui hoje. O maior desafio das mulheres é conciliar tudo isso. Quando a gente também ganhar igualdade de direitos dentro de casa, também teremos igualdade de direitos no profissional", acredita a condutora de trem. 

Já Vanessa Gomes começou sua trajetória na Aspen em 2015 como diretora de operações, liderando diretamente mais de 150 pessoas entre o escritório do Rio e a fábrica em Serra (ES). Ela reconhece seu protagonismo em uma posição ocupada majoritariamente por homens. "Consegui ocupar uma posição de liderança e compito de igual para igual com homens", afirma Vanessa. 

Irla Bela, 24 anos, queria crescer na empresa e fez curso de condutora Arquivo pessoal
Vanessa Gomes Arquivo pessoal