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Câmara dos Estados Unidos vota impeachment de Trump

Parlamento, que tem maioria democrata, decidirá no fim da tarde, após uma sessão de seis horas, se aprova as acusações de "abuso de poder" e "obstrução ao trabalho do Congresso" contra o presidente americano

Donald Trump
Donald Trump -
Washington - A Câmara de Representantes dos Estados Unidos pretende votar nesta quarta-feira duas acusações contra Donald Trump, que está a um passo de virar o terceiro presidente dos Estados Unidos a enfrentar um impeachment.

A Câmara, que tem maioria democrata, decidirá no fim da tarde, após uma sessão de seis horas, se aprova as acusações de "abuso de poder" e "obstrução ao trabalho do Congresso" contra o presidente.

"A Câmara de Representantes exercerá uma das atribuições mais solenes que a Constituição lhe concede, quando se reunir para aprovar dois artigos de acusação contra o presidente", declarou na terça-feira a líder democrata Nancy Pelosi em carta enviada aos congressistas de seu partido.

Em uma carta de mais de cinco páginas em tom raivoso, na qual considera "enganosas e absurdas" as acusações apresentadas contra ele, Trump se apresenta como uma vítima de uma "cruzada viciosa", acusa Pelosi de "minar a democracia" e adverte que "a história a julgará duramente".

Para o presidente, a votação na Câmara de Representantes "não é nada mais que uma tentativa de golpe de Estado ilegal e partidária", motivada pelo ressentimento. Ele acusou os democratas de incapacidade de aceitar o veredicto das urnas.

E afirma que sairá vitorioso do processo: "Não tenho dúvidas de que o povo americano a responsabilizará, junto com os democratas, nas eleições de 2020".

O impeachment divide a população: uma pesquisa CNN/SSR mostra que 45% dos americanos querem que Trump seja afastado do cargo (um percentual que sobe para 77% entre os eleitores democratas), enquanto 47% são contra.

Alguns congressistas democratas moderados, eleitos em regiões favoráveis a Trump, afirmaram que pretendem aprovar o julgamento do presidente, mesmo sob o risco de perder eleitores.

Apenas dois dos 231 representantes democratas poderiam votar a favor de Trump, enquanto nenhum dos 197 deputados republicanos anunciou apoio ao processo de destituição.

Desta maneira há poucas dúvidas de que Trump será submetido a um julgamento político no Senado, algo que só aconteceu a dois de seus antecessores: Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1998. O republicano Richard Nixon, envolvido no escândalo Watergate, preferiu renunciar em 1974 antes de sofrer o estigma.

O julgamento de Trump no Senado provavelmente acontecerá em janeiro. Por enquanto, nas condições políticas atuais, a previsão é de que o presidente seja absolvido na Câmara Alta: seriam necessários pelo menos 67 votos para afastá-lo do cargo, e os republicanos ocupam 53 dos 100 assentos.