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Trump limita os refugiados a 15 mil por ano, o menor número da história

A diminuição reforça sua dura política migratória a um mês da eleição presidencial de novembro

Trump acusa democratas de usar a pandemia para ‘roubar as eleições’
Trump acusa democratas de usar a pandemia para ‘roubar as eleições’ -
O governo de Donald Trump anunciou na quinta-feira, 1º, uma nova redução da cota de refugiados admitidos pelos EUA. O novo teto será de 15 mil pessoas no ano que vem, o menor número da história. A diminuição reforça sua dura política migratória a um mês da eleição presidencial de novembro.

De acordo com o Departamento de Estado, o número reflete a prioridade dada pelo governo à "segurança e ao bem-estar dos americanos, especialmente à luz da pandemia de covid-19". Durante seu governo, Trump adotou uma posição rígida com a imigração - legal e ilegal -, diminuindo constantemente a entrada de refugiados no momento em que o número de pessoas em fuga cresce no mundo todo.

No ano passado, Trump já havia reduzido o número de refugiados pela metade, cortando o teto de 30 mil, estabelecido por ele em 2018, para 18 mil, em 2019, embora 7 mil autorizações não tenham sido emitidas por falta de pedidos, em razão da pandemia de coronavírus. No entanto, as cifras estão bem abaixo da meta de 110 mil refugiados colocada por Barack Obama no seu último ano de mandato, em 2016.

O teto de 2021 estabelece alocações específicas, incluindo 5 mil vagas para refugiados que sofreram ou temem perseguição com base na religião, 4 mil para refugiados do Iraque que ajudaram os EUA no conflito e mil vagas para refugiados de El Salvador, Guatemala e Honduras. As outras 5 mil seriam para todos os outros tipos.

Trump disse que os refugiados de regiões devastadas por guerras deveriam ser reassentados mais perto de seus países e afirmou que os EUA já oferecem asilo a milhares de pessoas por meio de um processo separado. Segundo o Departamento de Estado, a ideia do governo é oferecer ajuda humanitária no exterior para prevenir os deslocamentos.

Críticos dizem que, sob o comando de Trump, os EUA abandonaram seu papel tradicional de porto seguro para pessoas perseguidas. Para eles, reduzir a entrada de refugiados prejudica outros objetivos da política externa americana.

Manar Waheed, um dos diretores da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), disse que Trump está tentando eliminar os sistemas de imigração "para detê-los e garantir que os imigrantes negros e pardos não consigam refúgio nos EUA".

Quase 80 milhões de pessoas em todo o mundo tiveram de abandonar suas casas no ano passado, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Esse número dobrou em dez anos.

Campanha

O tema está diretamente relacionado com a campanha presidencial. O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, se comprometeu em aumentar o número de refugiados admitidos para 125 mil, alegando que a recepção de pessoas perseguidas faz parte dos valores americanos.

A campanha de Trump respondeu publicando anúncios que afirmam que a posição de Biden mostra que o democrata é "fraco" e os EUA receberão pessoas de lugares "perigosos", se ele for eleito.

Desde 1980, após a promulgação da Lei dos Refugiados, os presidentes americanos determinam quantos refugiados receberão nas proximidades do dia 1.º de outubro, quando se inicia o novo ano fiscal. Pelo texto da legislação, o presidente precisa consultar o Congresso antes de determinar um limite, mas a decisão, na prática, acaba sendo da Casa Branca.

Se a medida de Trump cria um limite baixo para o recebimento legal de refugiados, o presidente tem pela frente o desafio de conter as levas de imigrantes que fogem da pobreza causada pela pandemia de coronavírus nos países da América Central. Ontem, 3 mil hondurenhos entraram na Guatemala por uma fronteira terrestre, após ultrapassar um cerco militar, com a intenção de chegar a pé aos EUA.

Os hondurenhos deram início ao êxodo em massa entre a noite de quarta-feira e o início da manhã de ontem. O Instituto de Migração da Guatemala estima que cerca de 3 mil pessoas tenham cruzado a fronteira sem fazer o teste da covid-19, obrigatório para estrangeiros.

A caravana partiu uma semana depois que a Guatemala abriu suas fronteiras terrestres, aéreas e marítimas, depois de mantê-las fechadas por seis meses para evitar a disseminação do coronavírus. Alguns hondurenhos reconheceram o perigo do vírus, mas estão dispostos a correr o risco para fugir da pobreza de Honduras. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.